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domingo, 11 de abril de 2010

Transporte ferroviário pode ser solução para a mobilidade urbana

Até o final do século XIX, não existia automóvel em Maceió. As pessoas se deslocavam a pé, a cavalo, ou através dos bondes. Estes últimos, primeiramente utilizando a tração animal, passando pelo vapor e finalmente a tração elétrica, estiveram em funcionamento em nossa cidade do final do século XIX até a década de 1950.

O crescimento da cidade era ditado pela expansão das linhas de bonde. Ou seja, as pessoas moravam onde havia transporte. O mapa abaixo mostra as dimensões da cidade de Maceió, em 1938 e o itinerário das linhas de bonde, atendendo a todas as áreas da cidade:

Com a introdução do automóvel (sendo apresentado como sinônimo de liberdade) e do ônibus, as pessoas puderam morar cada vez mais distantes. Devido à especulação imobiliária, diversos conjuntos habitacionais foram construídos distantes das áreas centrais deixando vazios entre eles e as áreas já adensadas. Desta forma, como o automóvel permitia que as pessoas morassem mais longe, também as tornou dependente dele, dificultando as viagens por bicicleta e tornando caras e cansativas as viagens por ônibus. No vídeo abaixo, a Prof.ª Regina Meyer explica melhor como se deu esse processo:




No documentário Taken For a Ride (abaixo), é apresentado como aconteceu, nos Estados Unidos, a substituição dos bondes pelos automóveis e ônibus. A indústria automobilística, a indústria de pneus, indústrias petrolíferas, empreiteiras, enfim todos aqueles que poderiam lucrar com o aumento da venda de automóveis, compraram as empresas de bondes e as levaram à falência, oferecendo um serviço de baixa qualidade que aos poucos fora tendo descrédito dos norte-americanos. Ao mesmo tempo, propagandas publicitárias apresentavam o automóvel como o transporte do futuro.

Em grande parte das cidades europeias, esse processo não ocorreu. Estas cidades, com suas ruas medievais e uma cultura já estabelecida de preservação do patrimônio arquitetônico, não permitiram a descaracterização do desenho urbano para abrir espaço para os automóveis. Muitas cidades europeias continuam mantendo em funcionamento suas linhas de bonde com mais de 30 anos. Aquelas que retiraram seus bondes estão reimplantando.


Além de terem prioridade de circulação sobre os automóveis, os bondes são menos poluentes que os ônibus, produzem menos ruído e interagem melhor com a vida urbana, garantindo a segurança de pedestres e ciclistas, já que ele está preso aos trilhos.

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU pretende modernizar o atual trem que liga o centro de Maceió à cidade de Rio Largo. Segundo a CBTU, após a modernização, a pretensão é de estender a linha até o bairro de Mangabeiras e, posteriormente, ao bairro de Jaraguá.

Como se pode ver no vídeo promocional do VLT de Maceió, os bondes permitem a acomodação de bicicletas em seu interior, permitindo a integração transporte coletivo/bicicleta e, consequentemente, ampliando o raio de alcance do ciclista em seus deslocamentos.


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