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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cidade retira toda sinalização e diminui acidentes


* publicado no blog De olho no trânsito


Engenheiro holandês pregava cidades sem placas

Um viajante desavisado que chega às cidades holandesas de Makkinga e Drachten pode se sentir perdido nos primeiros minutos: elas não têm placas de sinalização de limite de velocidade, lombadas, radares e nem mesmo semáforos. Apenas a direção das ruas aparece em pequenos sinais. E, por incrível que pareça, todo mundo parece se entender: carros, bicicletas (muito populares na Holanda) e pedestres circulam em harmonia e em baixa velocidade. Por trás dessa ideia maluca está o engenheiro de tráfego Hans Monderman, holandês que faleceu em 2008 aos 62 anos e que pregava que a sinalização, ao invés de educar, só piora as condições de segurança.

Em Drachten, o número de acidentes no centro caiu de oito por ano para zero a partir de 2003, quando o sistema foi implantado. Segundo Monderman, por trás disso está o princípio de que, quando o motorista sente que não está amparado por regras rígidas, ele presta mais atenção no que interessa – os outros carros, os pedestres e as ruas – e menos naquilo que é desnecessário – ou seja, o excesso de sinais dizendo como ele deve agir. "Quando você trata as pessoas como idiotas, elas agem como idiotas", dizia o engenheiro.

De acordo com as ideias do holandês, apenas tirar a sinalização não basta. Medidas como diminuir a largura das pistas, fazendo com que o motorista se sinta dentro de um vilarejo e não em uma autoestrada, são fundamentais. “Existe o mundo das rodovias, todo padronizado e cheio de regras, e o mundo social, onde as pessoas convivem. As cidades não devem ser rodovias, devem ser um mundo social”, pregava. A experiência holandesa também foi adotada na cidade de Bohmte, na Alemanha, e em Norrkoping, na Suécia. Em Londres, uma importante rua da região central, a Kensington High Street, adotou princípios parecidos e viu sua cota de acidentes diminuir drasticamente.