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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sesc Pedaladas da Saúde espera mobilizar 380 ciclistas


Em setembro foi celebrado em todo mundo o Dia Mundial Sem Carro, estimulando as pessoas a se libertarem do automóvel e redescobrirem novas formas de locomoção. Seguindo essa proposta, o Sesc Alagoas espera ocupar a orla de Maceió no próximo sábado (06), com 380 ciclistas pedalando pela saúde. A concentração começa às 8h no estacionamento em frente ao Hotel Enseada, na Pajuçara. A chegada será no Posto 07, na Jatiúca, próximo ao Hotel Jatiúca. As inscrições estão sendo feitas no Sesc Poço, das 09h às 13h e das 14h às 18h, e são gratuitas. As camisas excedentes serão disponibilizadas no local da concentração para inscrições de última hora.

Antes da invenção do automóvel os limites geográficos das cidades não cresciam mais do que as pessoas pudessem alcançar a pé ou com a ajuda de animais. No início do século 20, com a popularização do automóvel, as dimensões das cidades se transformariam profundamente. Henry Ford criou o processo da “linha de montagem”, possibilitando a produção em larga escala e baixo custo. Por causa disso, as cidades norte-americanas e, posteriormente, as brasileiras sofreram grande mudança na organização espacial.

O que na época era solução, hoje se transformou em um problema. Quilômetros de congestionamento se formam diariamente nas grandes cidades pois a quantidade de carros circulando é maior do que o trânsito pode suportar com fluidez. Por causa disso, ativistas no mundo inteiro levantam a bandeira do uso da bicicleta. Além de não causar congestionamentos, o uso dela não polui e ainda propicia atividade física para o ciclista.


SERVIÇO:
Sesc Pedaladas da Saúde
Data: 06 de novembro (sábado)
Local: concentração em frente ao Hotel Enseada (Pajuçara) e chegada no Posto 07, na Jatiúca
Horário de concentração: 08h
Inscrições: gratuitas. Podem ser feitas no Ginásio de Esportes – Sesc Poço (Rua Pedro Paulino, 40, Poço), das 09h às 13h e das 14h às 18h ou no local do evento.
Mais informações: 0800 284 2440 e 2123-2463


Fonte: Sesc Alagoas.

Sobre George Orwell e a ideia de que deslocamento já é trabalho


Dia desses ganhei de presente um livro de um dos meus jornalistas/escritores preferidos: Eric Arthur Blair, mais conhecido entre os chegados como George Orwell. É clichê gostar tanto do cara? É, mas o bicho é bom mesmo, então tá tudo bem. O livro se chama O caminho para Wigan Pier e se trata de uma série de textos jornalísticos sobre condições de vida da classe trabalhadora inglesa nas primeiras décadas do século passado. Para nosso desespero, o texto é estupidamente atual, em especial quando aborda a vida caseira e alguns tipos de trabalho como o dos mineradores.

E é no capítulo sobre os mineiros que está o motivo para eu vir aqui neste domingo eleitoral. Ao descrever com rigorosa exatidão o processo de trabalho, Orwell não se limita a olhar o momento em que o mineiro opera as máquinas para quebrar e recolher o carvão. Antes, conta passo a passo, literalmente, o caminho em que os trabalhadores devem fazer até chegar ao ponto de extração, tendo de andar agachados em túneis quilométricos de um metro e meio de altura, com toda conseqüência dolorosa que esse esforço pode proporcionar. [Só de pensar, meus joelhos e minha nuca já doem. E não rolava relaxante muscular!] Com a clareza absurda que nos falta neste fim de primeira década dos anos 2000, Orwell compreendeu (na década de 1930) o cerne da argumentação de quem defende o financiamento do transporte coletivo com um viés de classe, de distribuição adequada das riquezas da sociedade. Ao observar este momento de caminhada dos mineiros, comparou o deslocamento do trabalhador "de cima", o que pega o metrô para a City. Naturalmente, percebeu que este momento do deslocamento não é remunerado e que este deslocamento ao local de trabalho já é o trabalho propriamente dito. Acrescento o drama que é, por conta da tarifa no transporte, esse deslocamento não ser apenas não-remunerado, mas cobrado. Como no lema do Partido (Liberdade é escravidão), do clássico 1984 também de Orwell, a liberdade de deslocamento na prática é a escravidão do trabalhador e da trabalhadora. Convence o povo a pagar pelo transporte que o leva a gerar a riqueza da elite é o nosso próprio duplipensar.

Mas voltemos ao Caminho de Wigan Pier, lendo um trecho do livro:

“O que quero destacar é o seguinte: falamos desse negócio terrível de ter que andar abaixado no trajeto de ida e volta, o que para uma pessoa normal já é uma tarefa duríssima, e, no entanto ele não é considerado parte do trabalho do mineiro, em absoluto; é apenas um extra, tal como a viagem diária de metrô de um funcionário da City de Londres. O mineiro vai e vem dessa maneira, e entre a ida e a volta há sete horas e meia de trabalho bruto, feroz. Nunca percorri muito mais que um quilômetro e meio até chegar ao veio de carvão, mas muitas vezes são quase cinco quilômetros, e nesse caso eu e a maioria das pessoas que não são mineiros de carvão jamais conseguiríamos chegar até lá. Quando se pensa em uma mina de carvão, se pensa na profundidade, no calor, na escuridão, em figuras enegrecidas escavando a parede da rocha com suas picaretas, mas não se pensa, necessariamente, nesses quilômetros de trajeto que é preciso percorrer agachado. Há também a questão do tempo. O turno de trabalho de um mineiro, de sete horas e meia, não parece muito longo, mas é preciso acrescentar pelo menos uma hora para o trajeto subterrâneo ­– com freqüência duas horas e às vezes até três. É claro que o trajeto não é, tecnicamente, trabalho, e o mineiro não é pago pelo tempo assim gasto; mas é como se fosse um trabalho.”

É um trabalho, evidentemente. Quanto e o que se deixa de fazer neste tempo de ida e volta em que o trabalhador e a trabalhadora pagam para trabalhar? Ler mais, passar mais tempo com amigos e familiares; jogar bola, fazer músicas, estudar, curtir a praia, andar com o cachorro etc. etc. A lista é infinita. Mas não, se gasta este tempo, duas, três, quatro horas diárias para ir ao trabalho, em ônibus, metrôs e trens. Ok, é preciso ir trabalhar. Mas pagar por isso já é demais!

Sem mais delongas: tarifa zero financiada pelos patrões e George Orwell já. Fica a dica.


Fonte: TarifaZero.org.

Produção de bicicletas vai subir 7,5%

O aumento da renda, a expansão do crédito e o trânsito impeidoso nos centros urbanos devem alavancar neste ano a produção de 5,7 milhões de bicicletas no Brasil.

A previsão da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Mononetas, Bicicletas e Similares), se for confirmada, representará crescimento de 7,5% sobre as 5,3 milhões de unidades fabricadas no ano passado.

Nominalmente, o setor deverá subir acima da expansão do PIB, que pela previsão do Banco Central vai fechar 2010 com incremento de 7,3%.

Foi neste ambiente de otimismo econômico que foi realizada, até ontem, a 5ª Edição da Bike Expo Brasil, na Expo Center Norte, em São Paulo.

Andar com a magrela há muito tempo deixou de ser apenas um lazer ou prática de esportes, de acordo com o presidente da Sampa Bikers, Paulo de Tarso. Ele afirma que a bicicleta é o meio de transporte próprio mais popular nos pequenos centros urbanos com menos de 50 mil habitantes, que representam mais de 90% das cidades brasileiras.

"O maior uso da bike é para ir ao trabalho e, depois, à escola", afirma Tarso. Motivos não faltam para a expansão deste mercado. No engarrafamento da capital paulista, por exemplo, enquanto os automóveis andam de cinco a oito quilômetros por hora, a bicicleta pode rodar numa velovidade de 15 quilômetros.

Não é atoa que o Brasil já ocupa a terceira posição no raking dos países que mais fabricam bicicletas por ano. Perde apenas para China, com 80,7 milhões de unidades por ano e Índia, com 11,6 milhões.

O Ministério da Cidade estima que atualmente circulam cerca de 60 milhões de bicicletas pelo País, o que daria uma bike para cada três habitantes, ou duas vezes o total de 29 milhões de carros em circulação.

Tarso avalia que cerca de 70% dos modelos apresentados na exposição deste ano são inéditos. "Além do show de novidades, a Bike Expo é a oportunidade para examinar os avanços e tendências futuras da indústria ciclistica quanto à tecnologia, design e o grande sucesso da Europa, que são as bicicletas elétricas, tão ansiosamente aguardados pelo público", ressalta o dirigente da organizadora do evento.

A Bike Expo Brasil é uma feira estritamente de negócios, destinada a empresários do setor. "Uma loja para lojistas", comenta Mardarida de Oliveira, diretora da exposição.

Fonte: Diário do Grande ABC