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quinta-feira, 3 de março de 2011

Ocupe a faixa




Recebemos por e-mail o relato de um ciclista de Maceió, que transcrevemos abaixo:

(O que está em amarelo são comentários do blog).

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Seguia pela Av. Senador Robert Kennedy (a orla de Ponta Verde), no sentido Centro, em direção à minha aula. De repente, percebo um barulho de motor muito próximo e constante (a audição costuma ser o sentido que mais uso, depois da visão, quando pedalo). Olho para trás e vejo uma viatura da SMTT muito próxima a mim, na faixa da direita (a mesma que eu ocupava).

Sinalizei com o braço para que ele me passasse e me preparei para dizer: “UM METRO E MEIO”, como forma de lembrar aquilo que os motoristas desconhecem: que eles devem se distanciar ao máximo das bicicletas ao ultrapassá-las. Eis que a viatura me passa e escuto: “VÁ PARA A CICLOVIA!”. Na mesma velocidade que me ultrapassaram, continuaram, só me dando tempo de retrucar: “A CICLOVIA É PARA LAZER!”.

Logo à frente, no Sete Coqueiros, o trânsito estava congestionado e lá estava a viatura da SMTT parada. Parei ao lado e iniciei o diálogo:

— Olha, não utilizo a ciclovia porque não estou passeando, estou me deslocando. Se você for à ciclovia, vai ver que está ocupada por pessoas caminhando, crianças brincando,… ...E eu, assim como todos os motoristas, tenho hora para chegar em minha aula e não posso ficar desviando de todos os obstáculos que vejo na ciclovia, além de considerá-la mais perigosa que o próprio trânsito.
— Mas se tem ciclovia, você tem que usar!
— Ok. Aqui na orla há uma ciclovia que é usada para lazer. E o que eu faço no resto da cidade, onde não há ciclovias?
— Não sei. Mas aqui você tem que usar a ciclovia.


Provavelmente essa é a instrução que ele recebeu do órgão e não é a função dele questioná-la, apenas cumpri-la.


A agente que estava no banco traseiro da viatura tenta amenizar a conversa:

— Tá bom, mas pelo menos ande pelo cantinho...
— Se você andasse de bicicleta, saberia que “andar espremido no canto” é a forma mais perigosa de conduzir uma bicicleta, respondi.
— Quem disse que eu não ando? Eu ando sim!


O ciclista demonstra ter conhecimento do que Willian Cruz trata em seu blog, que a forma mais segura de conduzir uma bicicleta é ocupando a faixa, e não se espremendo no canto da sarjeta.


Enquanto isso, o agente de trânsito que estava no banco dianteiro só fazia repetir:

— “Você está errado, você tem que andar na ciclovia!”, enquanto comia amendoim e jogava a casca pela janela do carro.

Vi que não adiantava mais conversar. Falei apenas:

— É por causa de pensamentos como o de vocês, que acham que a rua pertence ao carro e o ciclista tem que ser enxotado para a ciclovia é que acontecem situações como a de Porto Alegre. Vocês ainda não conseguem enxergar a bicicleta como um veículo. Uma boa tarde e um bom engarrafamento para vocês!

Segui pedalando e a viatura continuou lá, parada no congestionamento.

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Seria interessante nosso amigo também ter questionado sobre a existência de ciclovia na orla. Onde está a ciclovia? Onde está sinalizado que aquele pedaço de calçada rebaixada é uma ciclovia? Não existe nenhuma sinalização vertical ou horizontal (pintura no pavimento) informando que a parte rebaixada da calçada é ciclovia. Podem falar “mas o piso é pintado de vermelho”. Sim! E o restante da calçada também é vermelho. Em razão da ausência de sinalização é que esse pedaço de calçada rebaixada passou a ser utilizado livremente por pedestres, corredores, vendedores ambulantes, banquinhos do churrasquinho, passeio de cães na coleira, etc.

E o problema não é de hoje. Há quase dois anos, a TV Gazeta tratou do assunto:





O próprio "pessoal" da SMCCU, citado na reportagem, costuma caminhar na ciclovia, como nós mesmos já flagramos:




Além do mais, na ciclovia, o ciclista não está tão seguro quanto se pensa...


Planeta EXPN: Benicchio + Falzoni

Entrevista muito bacana com Thiago Benicchio e Renata Falzoni, no programa Planeta EXPN, do canal ESPN: