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sábado, 31 de março de 2012

46ª Bicicletada de Maceió


Na noite de ontem (30), aconteceu a 46ª edição da Bicicletada de Maceió. Estivemos reunidos em nosso tradicional ponto de encontro, em cima do viaduto Aprígio Vilela, no Farol, desde as 18h. Por volta das 19h30, seguimos em direção ao bairro do Barro Duro, com o intuito de conhecer de perto as modificações realizadas no trânsito, após a construção da Av. Márcio Canuto.


Seguimos pelas avenidas Fernandes Lima, Rotary e chegamos ao início da Av. Márcio Canuto. Lá, tentamos entender como seria o percurso normal de um ciclista que seguisse esse trajeto que fizemos, para conseguir alcançar a ciclovia da Av. Márcio Canuto, que fica no lado oposto ao que estávamos.


Percebemos que, pouco antes, havia uma faixa de pedestre que nos conduzia à ilha que tem um jardim e um totem que sustenta uma grande bola de futebol. Atravessamos pela faixa até a ilha e, para nossa surpresa, não havia uma faixa que nos levasse à ciclovia. Sinalizamos para os carros, em grupo, pedindo passagem, até que conseguimos atravessar e alcançar a ciclovia.


Deparamo-nos com uma ciclovia bidirecional com pavimento de boa qualidade, bem iluminada e com uma largura bastante confortável. Porém, continuávamos supondo que estávamos numa ciclovia, já que não havia qualquer sinalização vertical ou horizontal que nos certificasse. Até que encontramos a única placa sinalizando que aquele espaço se trata de uma ciclovia, a R-34 (circulação exclusiva de bicicletas). Talvez esta seja a única placa R-34 existente na cidade. Caso alguém saiba da existência de outra, por favor, nos informe através dos comentários.


A placa encontra-se na esquina da R. Alba Mendes Falcão (uma rua que já fora meramente residencial e, após as mudanças no trânsito da região, passou a receber grande fluxo de automóveis, tirando o sossego de seus moradores), onde pudemos observar marcas de pneus, indicando que alguns motoristas, “por engano” já invadiram a ciclovia ao saírem da R. Alba Mendes para fazer conversão à esquerda.


Outro fato que constatamos nessa mesma esquina foi que, devido à dificuldade de visualização que os motoristas têm dos veículos que vêm da Av. Márcio Canuto, a maioria dos motoristas para o carro em cima da ciclovia para aguardar o momento de acelerar.


Nesse local, não há qualquer sinalização horizontal indicando a passagem da ciclovia, conforme determina o Manual de Sinalização Horizontal do Denatran (páginas 49 e 50).


Ao chegarmos ao entroncamento da Av. Márcio Canuto com a Av. Juca Sampaio, tentamos entender um pouco da lógica que os ciclistas vêm adotando nessa interseção. Conversamos com alguns usuários que passavam pelo local...


... constatamos uma faixa de pedestre que não fora respeitada por nenhum motorista...


... e percebemos que os ciclistas que seguem no sentido Jacintinho/Serraria continuam trafegando pelo lado direito da via, apesar da existência de ciclofaixa bidirecional no lado esquerdo.


Talvez por desconhecimento da existência da ciclofaixa, talvez por acreditarem que a ciclofaixa não lhes trará mais segurança do que o local que já costumam trafegar, mas, no pouco tempo que permanecemos ali, vimos meia dúzia de ciclistas passando e nenhum deles cruzou a via para acessar a ciclofaixa do lado esquerdo.


Resolvemos experimentar a ciclofaixa, seguindo no sentido Serraria. Passamos por alguns momentos de tensão com a passagem de veículos em alta velocidade muito próximos a nós. Além de não haver qualquer sinalização vertical e/ou horizontal que demonstre que aquele espaço pertence às bicicletas, acreditamos que, para garantir mais segurança aos ciclistas que optam por utilizar essa ciclofaixa, seja necessário construir uma barreira física delimitando o espaço das bicicletas e o espaço dos carros e/ou a redução da velocidade dos automóveis (através de radar eletrônico), já que não é difícil encontrar um veículo trafegando acima de 80 km/h nessa via, algo incompatível com a presença de bicicletas.


Ao longo da Av. Juca Sampaio, existem duas travessias de pedestre sinalizadas com semáforo: uma em frente ao Fórum e outra no acesso ao bairro do São Jorge. Percebemos que a SMTT, ao sinalizar, esqueceu de instalar um semáforo direcionado aos ciclistas que seguem no sentido oposto aos carros, já que a ciclofaixa é bidirecional. Sem este foco de semáforo, o ciclista que trafega no sentido Serraria/Jacintinho não consegue saber quando o semáforo está verde ou vermelho para poder dar passagem aos pedestres que atravessam a via.


Continuamos em direção à Av. Menino Marcelo, até chegar à pizzaria de nossa amiga Ângela, onde passamos algumas horas de bastante alegria e descontração colocando o papo em dia.


Apesar da existência de algumas falhas que apresentamos nessa postagem, com relação aos novos espaços destinados à bicicleta nas imediações das avenidas Márcio Canuto e Juca Sampaio, acreditamos que a delimitação desses espaços já representa um avanço na inclusão da bicicleta como meio de transporte na cidade de Maceió.

A existência de ciclovias e ciclofaixas ainda é algo novo para os motoristas maceioenses e carece de campanhas educativas nos meios de comunicação para melhor esclarecer algumas dúvidas que ainda podem pairar tanto na mente de motoristas, como de ciclistas.

Contudo, mesmo que de maneira incipiente, a Prefeitura já está começando a perceber a necessidade de oferecer melhor infraestrutura à utilização da bicicleta nos deslocamentos, seja para manter vivos os cidadãos que já a utilizam, seja para estimular outras pessoas a fazerem.



terça-feira, 27 de março de 2012

Um dia de reuniões


No dia de hoje, os ciclistas participaram de pelo menos três reuniões. Os convites foram resultado do protesto realizado na última quinta-feira (22), quando os ciclistas saíram das proximidades da Eletrobrás, na Av. Fernandes Lima, e passaram em instituições públicas protocolando um documento denominado "Manifesto dos ciclistas da cidade de Maceió".

A primeira reunião aconteceu no gabinete da vereadora Fátima Santiago e teve como objetivo acertar os detalhes para uma possível Audiência Pública na Câmara Municipal de Maceió para tratar do tema da inserção da bicicleta no trânsito de Maceió.

De lá, os ciclistas seguiram para o Palácio República dos Palmares, onde tiveram uma reunião com o secretário-chefe do Gabinete Civil do Estado, Sr. Álvaro Machado. Entre os assuntos tratados na reunião, destacaram-se as rodovias AL-101 Norte e Sul e a possibilidade de inclusão de ciclovia na duplicação das mesmas.

O superintendente de planejamento do Departamento de Estradas de Rodagem - DER-AL, Sebastião Mota, informou que a inclusão de uma ciclovia na obra de duplicação da AL-101 Sul foi uma cobrança feita em Audiência Pública, realizada no município de Marechal Deodoro. Porém, como a ciclovia não estava prevista no orçamento da obra, será deixado espaço nas pontes, viadutos e ao longo de toda a rodovia para uma futura ciclovia, que deverá contar com novo projeto e licitação. Sobre a rodovia AL-101 Norte, Mota disse que não está prevista a sua duplicação devido à carência de recursos financeiros.

Os representantes da Bicicletada de Maceió sugeriram que, já que não há previsão para a construção de ciclovia, que o DER coloque, ao longo das rodovias, sinalização de advertência da presença de ciclistas, além de um controle mais eficaz do limite de velocidade estabelecido para a rodovia. Sugeriu-se que, em vez de utilizar as tradicionais lombadas eletrônicas que medem a velocidade apenas em um ponto, fosse utilizado um novo modelo de fiscalização que está sendo colocado em prática nas rodovias paulistas, denominado "ponto a ponto", capaz de medir a velocidade do veículo por um detrminado trecho da rodovia (ver vídeo abaixo).



O representante da Associação Alagoana de Ciclismo - AAC, Prof. Antônio Facchinetti, entregou ao Sr. Álvaro Machado um documento contendo propostas que vão desde campanhas educativas até a criação de setor específico no DER para cuidar de obras e projetos voltados à inclusão da bicicleta nas rodovias e à preservação da integridade física de pedestres e ciclistas.

Ficou agendada uma nova reunião, no Gabinete Civil, no próximo dia 18/04, às 10h30. No período da tarde, os ciclistas também se reuniriam com o superintendente da SMTT, Sr. Ranilson Campos, mas a reunião foi remarcada para o dia 02/04, às 9h30.

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Leia também:

- Governo e ciclistas discutem minimização de conflitos no trânsito



domingo, 25 de março de 2012

Que a luta continue!

“... Nós vamos lutar, nós teremos que lutar
Nós vamos lutar, lutar pelos nossos direitos...”
(Bob Marley)


Os brasileiros já presenciaram várias manifestações de ciclistas nesse primeiro trimestre de 2012, dentre essas, a "Bicicletada Nacional", uma movimentação que ocorreu no dia 6 de março e contou com o apoio de 40 cidades. O motivo: toda a nação deparara com um quadro lamentável: 3 ciclistas foram atropelados e mortos num único dia. Talvez tenha sido esta a gota que faltava para fazer transbordar a indignação dos brasileiros.

Em Maceió, os ciclistas participaram do evento com a realização de um protesto pela orla, vestidos de preto, como forma de representar o luto pelo número intolerável de mortes no trânsito.






Decidimos não mais ficar calados e inertes, assistindo aos nossos semelhantes partirem desta vida por causa da intolerância de motoristas, falta de educação no trânsito e omissão de administradores públicos. Fomos às ruas, fizemos barulho, distribuímos panfletos com informações, as quais todos já deveriam saber:



A mídia muito tem se sensibilizado e colaborado com a divulgação do nosso movimento. O apoio da sociedade aumenta a cada dia. Quão grande é a nossa felicidade ao percebermos que, embora algumas pessoas tenham se mostrado irritadas por não compreenderem, ainda, as razões da nossa atividade, muitas outras demonstraram solidariedade à causa, a maior parte delas, motoristas.

Fizemos o que é certo e nossas reivindicações são mais do que legítimas. Estamos em luta, sim, mas uma luta pacífica, pois é pelos nossos direitos que clamamos, e esses não se encontram em um mundo ideal ou alienígena, mas em nossas próprias leis. Direitos que, apesar de serem assegurados, não estão sendo efetivados de maneira satisfatória.

Já estamos cansados, queremos poder ir e vir tranquilamente, conviver de maneira pacífica nas ruas, habitar uma cidade com infra-estrutura dentro de padrões dignos e aceitáveis e, acima de tudo, queremos a proteção ao nosso direito absoluto e inalienável à VIDA!!!

Nessa luta, os piores vilões talvez nem sejam a ausência de comprometimento do Poder Público ou a falta de educação no trânsito, mas a inércia e a acomodação que acomete até mesmo alguns ciclistas. Entretanto, ainda que não consigamos obter respostas de nossos gestores, não desistiremos de tentar sensibilizar os cidadãos de nosso país.

Ciclistas, AVANTE!


segunda-feira, 19 de março de 2012

Márcia Shoo


Texto de Márcia Shoo sobre o protesto realizado em 28/02.

Organizada pela Associação Alagoana de Ciclismo (AAC), a Bicicletada em protesto aconteceu na noite do dia 29 de fevereiro de 2012, seguindo o trajeto Ponta Verde, Avenida Fernandes Lima e Avenida Menino Marcelo, na Via Expressa, local onde o ciclista Carlos Alberto foi morto por um ônibus, no dia 22 de fevereiro, quando se locomovia de casa para o trabalho (ou do trabalho para casa).

Apesar das incongruências de alguns poucos ciclistas que se exaltaram com a intolerância do motorista de ônibus da linha Eustáquio Gomes-Ponta Verde, que ensaiou passar por cima das bicicletas deitadas sobre a pista, num apelo dos ciclistas por mais segurança, pela melhoria e ampliação da malha cicloviária de Maceió até os bairros distantes e menos favorecidos, a manifestação foi de caráter pacífico e de extrema importância para uma terra carente de políticas públicas e com seus movimentos sociais fragilizados pela descrença histórica no poder público.

A noite foi linda e coletiva sobre duas rodas, ou melhor: sobre centenas de rodas. Mais de 100 ciclistas dividiram com os carros parte das avenidas mais movimentadas da cidade, numa ação respeitosa com motoristas e pedestres.

Passei um bom tempo fora de Maceió e durante esse tempo retomei um hábito perdido na infância: pedalar. Há quatro anos ando de bicicleta por prazer, por esporte e por acreditar neste veículo como uma alternativa mais barata, mais saudável e menos poluente de locomoção nos meios urbanos. Participando pela primeira vez de uma experiência como a bicicletada, fiquei surpresa e feliz ao ver ciclistas alagoanos, em grande número, envolvidos numa causa séria e urgente. Se há verba e há necessidade, por que não há execução?

É preciso descruzar os braços, sair da omissão, do conforto individualista. É preciso dar ouvidos e reunir vozes aos movimentos sociais, extremamente importantes na construção de uma sociedade mais justa, saudável e feliz consigo mesma. A questão da precariedade do transporte urbano em Maceió, em todos os seus aspectos, está se agravando. Ruas abarrotadas de carros, motoristas sem qualquer discernimento coletivo para o trânsito; péssima estrutura viária para pedestres, ciclistas, patinadores e skatistas; e o aumento absurdo das passagens de ônibus sem qualquer melhoria neste meio de transporte. E aí? O que a gente faz?

Pensa, questiona, se une, se organiza, corre atrás, insiste, persiste e resiste. Um dia a água mole, de tanto bater, faz brotar algo bom neste asfalto."

Márcia Shoo

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Ontem (18), por uma imprudência, Márcia nos deixou, atropelada por um caminhão de cana-de-açúcar, quando voltávamos de um passeio a uma cachoeira em São Luiz do Quitunde. Ficará a ausência de mais uma guerreira que acreditava numa cidade mais humana.



sexta-feira, 16 de março de 2012

A Av. Márcio Canuto e os transtornos para os usuários de transporte coletivo


A mais nova obra realizada pela Prefeitura de Maceió, a Av. Márcio Canuto, só comprova a hegemonia que o automóvel continua tendo no Planejamento Urbano de Maceió. A nova via poderia simplesmente funcionar como um atalho ligando as avenidas Muniz Falcão e Juca Sampaio. Porém, a Prefeitura optou por transformar algumas vias adjacentes em sentido único, acreditando que isso trará melhorias ao trânsito de automóveis. Se trará melhorias para os automóveis, nem mesmo a SMTT sabe quantificar.





Os mais prejudicados com a mudança são os usuários de transporte coletivo, principalmente os que residem nas imediações do bairro do São Jorge, pois terão que se deslocar cerca de 700 metros até o ponto de ônibus mais próximo, já que os ônibus que seguem no sentido Serraria/Jacintinho terão seu trajeto alterado. Em entrevista ao Jornal da Pajuçara Manhã, no dia 16/03, o representante da SMTT foi indagado sobre essa questão e, surpreendentemente, respondeu da seguinte forma: "Essas pessoas podem ficar despreocupadas porque é normal a pessoa estranhar num primeiro momento. Mas depois elas vão se acostumar e tudo vai fluir tranquilamente."


É importante ressaltar o que diz o Plano Diretor de Maceió, no que se refere às diretrizes gerais para implementação da mobilidade no município:

Art. 79, inciso II – "prioridade aos pedestres, ao transporte coletivo e de massa e ao uso de bicicletas, não estimulando o uso de veículo motorizado particular”.

Contudo, observamos que a Prefeitura vem descumprindo este artigo da Lei. O que se pode comprovar é que as mudanças são realizadas visando a melhoria do trânsito de automóveis e os usuários de transporte coletivo, ciclistas e pedestres simplesmente são obrigados a se adaptar aos transtornos causados por essas mudanças.

Não se trata apenas do descumprimento à Lei (como se isso já não fosse suficiente). Os gestores municipais de Maceió se fazem de cegos para não enxergar a mudança de paradigma pela qual passam inúmeras cidades do mundo. Até meados da década de 1970, no auge do rodoviarismo brasileiro, acreditava-se que todo cidadão, um dia, teria seu próprio carro para se deslocar.

Porém, o mundo mudou e parece que Maceió parou no tempo. Hoje, já está mais do que provado que não há solução para o trânsito de automóveis nas cidades. Pode construir viadutos ou novas vias, pode mudar sentido de vias, pode fazer o que for... Mais carros serão vendidos e as ruas voltarão a ficar congestionadas. A solução é inverter a lógica atual: colocar o automóvel em último plano. É preciso ter o transporte coletivo como foco principal das ações do poder público. Cada ônibus é capaz de transportar mais de 50 passageiros, o que equivale a 50 carros a menos congestionando as ruas. Por isso, é preciso privilegiar o deslocamento dos ônibus, tendo corredores exclusivos para que eles cumpram seus horários e não fiquem presos nos congestionamentos gerados pelos milhares de carros.


Dificultar a vida daqueles que utilizam o transporte coletivo não parece ser uma medida muito inteligente para uma cidade que queira priorizar esse meio de transporte.


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Notícias posteriores à postagem no blog:

- Moradores do São Jorge fecham avenida no Barro Duro
- Mudança no trânsito provoca protesto na Avenida Márcio Canuto
- Engarrafamento e protesto paralisam toda a região da Av. Márcio Canuto
- SMTT muda trajeto de linhas de ônibus da Márcio Canuto
- Pontos de ônibus no Barro Duro estão contemplados no projeto, diz SMTT

Pelo que deu para entender a explicação do Sr. Amaro Dias, no penúltimo parágrafo da notícia acima, o novo trajeto dos ônibus ficará da seguinte forma:


Ou seja, na obra que tem a intenção de melhorar apenas o trânsito de carros, os passageiros de ônibus terão que fazer um "arrodeio" para tentar resolver parte do problema, já que as pessoas que moram próximo ao Fórum terão que continuar caminhando grandes distâncias. Um verdadeiro "arrumadinho"...

- Falhas no transporte público geram críticas à Avenida Márcio Canuto

Bastante pertinentes as coloações do Prof. Antônio Facchinetti na notícia acima:

"Não participei da concepção do projeto da avenida e não o conheço em detalhes, mas pelos transtornos verificados à população, me parece que não houve uma pesquisa aprofundada sobre os impactos no transporte público na região. Quando se fala em fluência do trânsito, claramente isso se refere aos carros, pois não houve, por exemplo, projeto para uma faixa exclusiva para ônibus. Enquanto não priorizarmos o transporte público, não teremos avanços no trânsito.”

Bastante pertinentes também as declarações de Walessa Lins, usuária de transporte coletivo que parou para falar com a reportagem:

“Isso é uma barbaridade. A gente se sente um lixo, pois não fizeram pesquisa com a população” (...) “Mais uma vez, a prefeitura fez investimentos preocupada com quem anda de carro. Antes, nós tínhamos cerca de 15 linhas de ônibus à nossa disposição. Agora, o que sobrou foram poucas linhas, que já passam por aqui lotadas. Sem falar no perigo que é atravessar essa avenida agora, sem faixas de pedestres, nem semáforos. A nova avenida deveria ser uma opção e não uma obrigação.”


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Leia também:

- Ideias equivocadas

- Uso racional do espaço


terça-feira, 13 de março de 2012

Quem declara guerra entregando uma flor?

por Bicicletada de Curitiba
11 de março de 2012

Daqui a pouco a revista eletrônica Fantástico, da Rede Globo de Televisão, exibirá uma reportagem com o título “Fantástico pedala pelas ruas de SP e mostra guerra entre ciclistas e motoristas”. Aí eu pergunto: como assim guerra, caras-pálidas? A quem interessa chamar isso de guerra?





Sejamos sinceros, se formos olhar pela ótica de um conflito, isso está mais para um massacre, pois somente um dos lados tem poder de fogo. Ou vocês já viram algum ciclista atropelar e matar um motorista apenas com sua bicicleta?

Pela paz no trânsito, não entrem nessa guerra! Não se deixem levar pela mídia!

O link abaixo é o que gostaríamos que se mostrasse, mas infelizmente, estas pautas parecem não interessar por não se caracterizarem sensacionalistas o suficiente para este tipo de programa:

http://vadebike.org/2011/03/como-foi-a-manifestacao-de-apoio-aos-ciclistas-de-porto-alegre/

Nós não queremos guerra! Seríamos uns imbecis se partíssemos para a guerra justamente por sabermos ser o lado mais fraco! A guerra interessa a quem não quer compartilhar as ruas com as bicicletas, pois desta maneira continuarão a justificar seu massacre dizendo que lugar de bicicleta não é na rua. Mesmo nós tendo a lei a nosso favor. Guerras são estados de exceção, onde as leis são relativizadas. Por isso mesmo nós não queremos estas exceções, queremos apenas o que nos é de direito!


Quem declara guerra entregando uma flor? Seguem abaixo dois textos redigidos por cicloativistas indignados com esta forçação de barra de se chamar de guerra o simples exercício de nosso direito básico de utilizar as ruas para nos locomover de bicicleta:

#naofoiacidente #naoehguerra

O Movimento Cicloativista vem, através desta carta, comentar o erro do programa Fantástico na chamada para a matéria sobre a convivência (ou não convivência) entre ciclistas, motociclistas e motoristas no trânsito de São Paulo. A chamada faz referência a uma “guerra entre ciclistas e motoristas” nas ruas. Guerra é o conflito entre duas facções rivais para disputar um espaço. Numa guerra, ambos os lados disputam com suas forças, de forma a tentar vencer o outro lado. Quando um dos lados não possui forças para guerrear, opta pela não violência e, mesmo assim, o outro lado opta pelo embate, isso é conhecido por massacre. O que temos no Tibet, por exemplo, não é guerra. É massacre.

Em cidades europeias cuja experiência com o aumento do número de ciclistas é mais antiga, as mortes são próximas de zero. Quer dizer, o debate não está em torno de uma discussão entre a “viabilidade de convivência”, e sim no que fazer para tornar o trânsito mais humano e respeitoso.

O Ciclista tem direito Constitucional de utilizar a bicicleta com segurança, conforme diz o Código de Trânsito Brasileiro – CTB. Inicialmente discordamos que há uma guerra entre ciclistas, pedestres e motoristas. O que há é o extermínio de pedestres e ciclistas (vide o n° de atropelamentos e vítimas mortais). Somente “um lado” ataca, os carros. Não há dados oficiais de ciclistas e pedestres que, atacando um carro, conseguiram matar o motorista.

Esperamos que a matéria a ser veiculada no programa Fantástico hoje, no dia 11/03, tenha um teor mais favorável à convivência no trânsito, e não ao embate. Todos nós, usuários do trânsito, precisamos de uma mídia que colabore para a redução da violência nas ruas, para a consciência de que todos que estão ali, indo e vindo de suas casas, são pessoas, e que tem suas histórias.


#naofoiacidente #naoehguerra

Ciclistas são da Paz, só os que matam fazem guerra.

Muito nos agrada a preocupação e o interesse da Rede Globo, emissora de televisão de maior audiência no Brasil, em pautar a questão da mobilidade nos grandes centros urbanos, tratando com especial interesse as modalidades alternativas de transporte – em especial as bicicletas.

Atenta às demandas sociais e aos problemas que afligem milhões de brasileiros a mídia tem desempenhado um papel fundamental na construção de um país melhor e mais cidadão. Contudo, assistindo as chamadas da programação, vimos que o Fantástico de hoje (11/03/2012), veiculará a reportagem: Fantástico pedala pelas ruas de SP e mostra guerra entre ciclistas e motoristas; ficamos deveras contrariados com a expressão, guerra, uma vez que não é assim que percebemos e vivenciamos a situação.

Primeiro que não há como um cidadão, armado de uma indefesa bicicleta por entre as pernas, declarar guerra contra uma tonelada, motorizada, veloz e que mata -cada dia mais- conforme as estatísticas oficiais. É desproporcional a comparação entre os veículos, carro versus bicicleta, o mínimo que pode acontecer, numa disputa entre estes dois é um massacre, não uma guerra.

Um outro aspecto fundamental é que os usuários da bicicleta entendem ser esta uma opção de transporte que pode ser utilizada e, como tal, merece sim espaço, tanto quanto os outros modais. Já os motoristas, por estarem inseridos numa cultura onde a primazia do uso dos espaços públicos de circulação é monopólio dos veículos automotores, só conseguem enxergar as alternativas modais que almejem o compartilhamento das vias – a bicicleta, por exemplo – como uma intrusa, alguém que está invadindo o espaço que é deles, exclusivamente deles.

Embora o conteúdo da chamada, aponte para uma reportagem em que será evidenciada a fragilidade dos ciclistas, “…é possível uma convivência pacífica, ou os ciclistas vão continuar morrendo no trânsito?”, o termo guerra, não é o mais apropriado para anunciar uma disputa tão desproporcional como esta.

Pode parecer casuísmo ou algo que o valha, mas nós que pedalamos pelas ruas das grandes metrópoles, sentimos na pele – a cada “educativa” fina, a cada buzinada, a cada tombo (quando somos lançados contra o meio-fio), a cada fechada- o comportamento agressivo e desumano da maioria dos motoristas e a falta de respeito com a Vida a que somos submetidos diariamente. Este tipo de relação pode ter várias denominações, menos a de uma guerra.

Nós não queremos guerra, só queremos compartilhar o espaço que é de todos, viver, não poluir e chegar.

#naofoiacidente #naoehguerra


segunda-feira, 12 de março de 2012

Se locomover virou uma guerra



por Natália Garcia
07/03/2012 às 18:20

Esta sou eu com minha bicicleta, bilhete único, carteira de motorista e tênis de passeio. Os objetos representam meus meios de transporte em São Paulo. Eu não sou ciclista nem pedestre nem motorista. Sou uma pessoa que se chama Natália e que se locomove da forma que for mais conveniente. Compras na feira do Parque da Água Branca domingo de manhã? Vou de carro. Cinema na sexta às 19h na Augusta? Bike na certa. Subir a Rebouças? De busão pelo corredor.

Eu prefiro não ser classificada a partir do modal que escolho para me transportar pela cidade. Na minha opinião, essa classificação agrava a guerra não oficial que virou o ato de se locomover em São Paulo.

Essa guerra mata muita gente todos os dias. Não falo só dos atingidos em acidentes de trânsito, estou também me referindo às vítimas da poluição gerada por um sistema de mobilidade que promove o uso irracional dos carros, gerando marcas de trânsito ainda mais irracionais. O recorde em São Paulo foi de 293 quilômetros congestionados – quase a distância daqui até Ribeirão Preto. O excesso de veículos motorizados (a frota paulistana já ultrapassou os 7 milhões de carros) gera uma porção de poluentes na atmosfera, que provocam doenças respiratórias e cardíacas em todos que ocupam a cidade – principalmente os que estão fora dos carros. Segundo o médico ambientalista Paulo Saldiva, 80% dos leitos dos hospitais do Sistema Único de Saúde estão ocupados por vítimas desse modelo de mobilidade paulistano.

É uma guerra que custa caro. E quem paga por ela somos nós, contribuintes.

As batalhas do front
Esse excesso de veículos se locomovendo pela cidade gera um fenômeno que conhecemos muito bem: o esgotamento das vias. Muita gente tentando atravessar o mesmo lugar ao mesmo tempo resulta em trânsito. Ficar parado em um congestionamento provoca uma angústia tão grande que transforma o ato de se locomover em uma briga insana por espaço. “Ninguém pode ousar entrar na minha frente” é o que parece nortear as trajetórias feitas na cidade.

A divisão modal acaba estabelecendo os “times” que brigam entre si nessa guerra pela locomoção: motoristas, motoboys, ciclistas, pedestres, etc. E o comportamento é mais ou menos assim: “odeio todo mundo que me atrapalha de seguir em frente, em especial quem não é do meu time”. Quem não experimenta os outros modais não conhece as fragilidades, as dificuldades e muitas vezes nem as determinações legais de se locomover de outro jeito (basta ver que várias pessoas de carro dizem a quem está de bicicleta “vá para a calçada”, quando pedalar na calçada não é permitido pelo Código Brasileiro de Trânsito).

Não é fácil andar de bicicleta e ser oprimido por outros veículos enormes como também não é fácil ficar parado no trânsito dentro do seu carro sem poder fazer nada ou tentar atravessar a rua e precisar correr para não ser atropelado ou ainda se espremer dentro de um ônibus ou metrô para chegar em casa. Quem não experimenta outros modais fica intolerante a eles. E é aí que mora o perigo.

O carro é uma extensão muito potente do corpo humano. Uma pessoa pesa, em média, 70 kg e se locomove a 5 km/h. Um carro possui 1 tonelada de ferro e pode chegar a atingir a marca dos 200 km/h. Uma trombada ente duas pessoas não deve machucar nenhuma delas seriamente. Já o choque entre uma pessoa e um carro pode matar. E esse é um fato que, dentro da guerra, acaba sendo esquecido.

Julie Dias, a ciclista atropelada na avenida paulista na última sexta-feira, 03/03/2012, foi vítima dessa guerra. Vítima da CET, que possui um Índice de Eficiência das Ruas, medido a partir do número de veículos que passam por ela (sem importar se transportam apenas uma pessoa) e tem como meta de trabalho garantir que esse índice seja alto. Vítima da Secretaria de Transportes, que veicula campanhas que só agravam a intolerância com outros modais, como esta do “homem-zebra”. E vítima de um motorista de ônibus que foi intolerante com um modal diferente do dele.



Estamos falando de dois problemas complementares: um sistema de mobilidade que promove o uso irracional do transporte individual em automóveis e a intolerância entre os modais de locomoção. Exigir um novo modelo de mobilidade implica necessariamente em flexibilizar o SEU jeito de se locomover. Eu sei que escolher outros modais não é fácil. Eu me lembro bem, quando comprei minha bicicleta, o quão tentador era entrar no conforto do meu carro com ar condicionado (ainda que eu fosse demorar o dobro do tempo). Hoje, sempre que posso, eu pedalo, porque acho mais agradável e acabo chegando mais rápido ao meu destino – com a vantagem de não ter que caçar um lugar para estacionar. Quando eu pedalo eu sei que me arrisco em uma cidade que não está preparada para esse modal. Me arrisco porque eu quero que um dia ela esteja. Minha proposta não é para o poder público, é para VOCÊ que está lendo esse post. Eu proponho:

1. Mais tolerância com os modais diferentes do seu.
2. Mais flexibilidade com o seu modal (experimente outras formas de se locomover e verá que às vezes elas atendem melhor as suas demandas)
3. Mais atenção na hora de votar nas próximas eleições: vc quer mesmo eleger alguém que embarque nesse mesmo modelo de mobilidade falido?


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Na sua opinião, Maceió não estaria seguindo a mesma cartilha de São Paulo? Comente!


sexta-feira, 2 de março de 2012

Uma semana de protestos


A semana que passou foi marcada por diversos protestos na cidade, todos eles relacionados à Mobilidade Urbana. Já na segunda-feira (27), mototaxistas bloquearam o trânsito, em frente à sede da SMTT, reivindicando a liberação de 30 motocicletas que foram apreendidas em fiscalização do órgão, além de cobrarem um posicionamento quanto à regulamentação da categoria, que vem crescendo na cidade, porém de forma irregular.

É fato que a quantidade de motocicletas vem crescendo na cidade, em virtude do aumento dos congestionamentos de trânsito e da deficiência do transporte coletivo. É fato também que muitos motociclistas têm visto aí uma forma de “ganhar a vida” cumprindo um papel que a Prefeitura deixa de cumprir: oferecer transporte aos cidadãos. A motocicleta pode ser uma complementação ao transporte coletivo em áreas rurais, na periferia da cidade. Mas não há motivos racionais para substituir o transporte coletivo urbano pelo perigoso serviço de mototáxi, numa cidade já consolidada. O que há é uma enorme deficiência no transporte coletivo urbano de Maceió e, com a omissão do poder público municipal, qualquer pessoa enxerga aí uma forma de ganhar dinheiro. Os passageiros, cansados de esperar pelo coletivo, simplesmente agradecem.


Na terça-feira (28), cerca de cem ciclistas saíram do Corredor Vera Arruda, na Jatiúca, e seguiram pela Avenida Fernandes Lima, em direção à Avenida Menino Marcelo, no bairro de Antares. A intenção dos ciclistas era a de protestar em favor da inclusão da bicicleta no trânsito de Maceió, em virtude do assassinato de mais um ciclista naquela avenida.


Na última quarta-feira de cinzas (22), Carlos Roberto de Lima Costa, 49 anos, que morava no bairro Benedito Bentes, seguia para o trabalho quando foi atropelado e morto por um ônibus. Segundo comentário deixado em site de notícia por um conhecido seu, Carlos teria evitado sair de bicicleta durante o carnaval com medo da violência no trânsito que é bastante comum (e aceita pela sociedade) nessa época do ano. Teria saído com entusiasmo para trabalhar, não mais podendo retornar.


Ao chegarem à avenida, na noite de terça-feira, os ciclistas pretendiam fechar o trânsito apenas pelo tempo necessário para pendurar uma bicicleta fantasma num poste próximo ao local da morte do Sr. Carlos. Um motorista de ônibus tentou avançar sobre o protesto, o que esquentou os ânimos de alguns ciclistas que reagiram com violência. Porém, como o protesto era pacífico, a maioria dos ciclistas que ali estavam conseguiram acalmar a situação.

Veja reportagens da TV sobre o protesto:

- Bom Dia Alagoas, na TV Gazeta
- Jornal da Pajuçara Manhã, na TV Pajuçara
- Fique Alerta, na TV Pajuçara


Após o incidente com o motorista do ônibus, os ciclistas penduraram a bicicleta fantasma no poste, liberaram o trânsito de automóveis e retornaram ao Corredor Vera Arruda. Segundo a TV Gazeta, a SMTT, através do Sr. José Moura, posicionou-se da seguinte forma sobre a questão:

“Não existe uma regulamentação para o trânsito de bicicletas em Maceió, o que dificulta, então, o atendimento aos ciclistas.”

Simples assim! Se quiser saber um pouco mais sobre a falta de interesse da Prefeitura de Maceió na inclusão da bicicleta no trânsito da cidade, leia os resumos das oito reuniões que tivemos no Ministério Público Estadual entre junho e setembro de 2011 e que, até o momento, não tiveram resultado algum.

Ao que nos parece, já há um consenso na população de Maceió sobre a necessidade da inclusão da bicicleta no trânsito, se não em função dos benefícios desse meio de transporte para a cidade, mas em virtude da grande quantidade de pessoas que são assassinadas apenas por terem escolhido um meio de transporte não poluente, que não congestiona e que só traz benefícios à saúde e ao convívio urbano. Mesmo que grande parte da classe média ainda não queira utilizá-la (seja por preconceito, seja por uma negação ao clima da cidade que escolheram morar), essa mesma classe média tem consciência da necessidade de acabar com a carnificina que vemos diariamente no trânsito de Maceió.

Esperamos que o poder público saia da inércia da omissão e consiga enxergar que a inclusão da bicicleta no trânsito das cidades é uma tendência mundial e que Maceió não pode continuar estagnada no rodoviarismo da era JK.


No dia seguinte (29), foi noticiado, através da imprensa e das redes sociais, que haveria um protesto contra o aumento na tarifa do transporte coletivo de Maceió, de R$ 2,10 para R$ 2,30, concedido através de uma liminar do desembargador Washington Luiz Damasceno Freitas. Membros da Central Única dos Trabalhadores – CUT-AL e estudantes estiveram na Praça Deodoro, em frente ao Tribunal de Justiça, para cobrar a revogação da liminar.

Vale lembrar que, em outubro do ano passado, quando a questão do aumento da tarifa veio à tona pela última vez, o prefeito de Maceió garantiu que não autorizaria qualquer aumento antes da realização do processo licitatório do transporte coletivo que, embora lentamente, está em andamento.



Durante essa semana, a Associação dos Transportadores de Passageiros do Estado de Alagoas – Transpal tem veiculado uma nota nas emissoras de TV locais tentando justificar o aumento da tarifa em função dos seguintes itens:

- reajuste na remuneração dos rodoviários;
- aumento no preço das peças, combustível e pneus;
- renovação da frota;
- falta de corredores exclusivos;
- queda de passageiros pagantes por causa dos transportes “piratas”;
- aumento das gratuidades;
- benefícios de ajuda de Convênio Saúde;
- reajuste no Vale Alimentação

A nota conclui dizendo: “Estes são os fatos que não pretendem politizar uma questão que é basicamente técnica.” Ora, como pode a Transpal dizer que uma questão que onera consideravelmente o orçamento dos trabalhadores é “basicamente técnica”? A questão é, sem a menor dúvida, política!

Repassar para os usuários os gastos que a empresa tem com peças, pneus e encargos trabalhistas é muito fácil! Apontar a ausência de prioridade do transporte coletivo (como os corredores exclusivos, por exemplo), que faz com que muitos passageiros abandonem o ônibus e passem a utilizar outras formas de deslocamento também é muito fácil. Repassar os custos do serviço para os usuários é muito simples! Qual empresa (ou grupo de empresas) que não gostaria de trabalhar com o monopólio de um serviço público (essencial para a população) onde ela(s) não precisa(m) se esforçar nem um pouco para não ter prejuízo? Basta repassar seus custos para os usuários...

O que já colocamos aqui no blog, e que gostaríamos de reforçar, é que o debate precisa avançar além da discussão sobre o valor da tarifa. Mais importante do que discutir se ela deve ser R$ 0,20 para mais ou para menos é a discussão sobre quem deve pagar pelo serviço de transporte coletivo.

Diferente da saúde, educação e outros serviços públicos (de fato) que têm seus custos rateados por toda a população, através dos impostos, os custos do transporte coletivo recaem justamente sobre aqueles que têm menos condições de pagar. Se o poder público municipal entende que o serviço de transporte coletivo é essencial para a cidade, não pode continuar tratando-o como uma atividade mercantilista, onde empresas extraem dos cidadãos os seus generosos lucros. É preciso que o poder público determine qual o valor que os maceioenses podem pagar (seja R$ 2,00, R$ 1,00 ou mesmo R$ 0,00) e, a partir daí, busque formas de oferecer um transporte acessível a toda a população.