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sábado, 23 de junho de 2012

Bicicletada Junina


A 49ª edição da Bicicletada de Maceió, realizada na noite de ontem (22), devido ao feriado da próxima sexta-feira (29), foi bastante diferente das anteriores. Além de estarmos comemorando o 4º ano de realização da Bicicletada em Maceió, estamos em meio aos festejos juninos.


Pedimos que os participantes utilizassem trajes típicos de festas juninas e muitos incorporaram perfeitamente a ideia, tornando o momento bastante interessante. Bicicletas e capacetes enfeitados, homens com camisa xadrez, mulheres de vestido e até um cangaceiro fizeram parte da indumentária da Bicicletada de ontem à noite.


Permanecemos em nosso tradicional ponto de encontro (em cima do viaduto Aprígio Vilela) das 18 h às 19 h. De lá, pedalamos até o final da Av. Dom Antônio Brandão, onde degustamos milho, canjica e pamonha do carrinho da Dona Cida, em frente ao Hospital da Unimed.


De barriga (quase) cheia, fomos comemorar o 4º aniversário da Bicicletada de Maceió com um bolo de chocolate da lanchonete Kascão, no bairro de Jatiúca. Cantamos parabéns e jogamos bastante conversa fora.


Agora sim, com a barriga cheia de verdade, fomos ao bairro de Jaraguá, onde acontecia o concurso de quadrilhas juninas. Em lá chegando, fomos nos informar na entrada do arraiá sobre a possibilidade de entrarmos com nossas bicicletas. Como não nos permitiram e, como não achamos seguro deixar as bicicletas do lado de fora, continuamos nossa peregrinação atrás de um forró.


Como todo bom matuto, não poderíamos deixar de ir à quermesse, então seguimos em direção à Igreja de São Pedro, no bairro de Ponta Verde, onde a festa estava bem animada, com crianças, música e guloseimas, e foi lá que terminamos a noite.



 

sábado, 16 de junho de 2012

'O sonho do automóvel acabou' em São Paulo, diz engenheiro

 
Trânsito na avenida 23 de Maio, em São Paulo: o visual é bonito, mas a sensação é insuportável
 
O transporte público deve ser um dos principais temas das eleições municipais deste ano. Em São Paulo, os recordes de congestionamentos se sucedem e os postulantes de PT e PSDB — Fernando Haddad e José Serra — já trocam farpas, acirradas depois do incidente com dois trens do metrô, em 16 de maio.

Aliado do prefeito Gilberto Kassab (PSD), Serra defendeu, durante debate organizado em maio pelo Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) sobre o livro Triumph of the City, de Edward Glaeser (economista da Universidade de Harvard que defende a cidade como geradora de riqueza e qualidade de vida), que a solução para a mobilidade em São Paulo são obras viárias que desafoguem o trânsito do centro e investimentos no Metrô e na CPTM (trens urbanos). Gastar mais com o sistema de ônibus só ajudaria a engarrafar a cidade.

No papel de pedra para atingir eventuais vidraças da gestão Kassab, Haddad e os petistas têm apontado um "apagão nos transportes" em São Paulo.

Obviamente, a questão da mobilidade numa cidade como a capital paulista passa também pelos automóveis particulares — onde a grande questão é: como fazer para não ser necessário tirar o carro da garagem no dia-a-dia?

Em entrevista ao site Spresso SP, assinada por Felipe Rousselet (com Maria Eduarda Carvalho), Horácio Augusto Figueira, engenheiro de tráfego, vice-presidente da Associação Brasileira de Pedestres e defensor do uso intensivo de ônibus (em corredores) como parte da solução para o trânsito urbano, comenta a questão do transporte público versus o particular — e decreta: "O sonho do automóvel acabou em São Paulo".
 
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Horácio Figueira durante debate na Câmara Municipal de São Paulo: "Quem está causando congestionamento na cidade somos nós"
 
Como o senhor avalia o custo/benefício do transporte público em São Paulo?
Horácio Augusto Figueira - Em termos de custo/benefício, fora do horário de pico, dá para você usar como serviço comum. Nos horários de pico, por não ter velocidade compatível nos corredores, os ônibus andam em baixa velocidade e lotados. Não é um serviço de boa qualidade. Para reverter essa situação, teria de ser dada prioridade total para os ônibus no sistema viário e, para isso, você tem de incomodar o usuário de carro, não tem outro jeito. Não tem como conciliar privilégios ao transporte coletivo sobre rodas sem tirar uma faixa dos automóveis. Os R$ 3 que você paga hoje em São Paulo são uma tarifa cara para um serviço de baixa velocidade comercial.

Se houvesse uma boa velocidade o serviço não seria caro, até pela integração entre ônibus e metrô e também pela possibilidade de o usuário pegar três ônibus no período de três horas. O que acontece é um subsídio interno do sistema para aqueles que fazem viagens longas: o usuário que anda poucos quilômetros paga por aquele que vem de mais longe. É caro por isso: um "caro relativo" e não em termos absolutos.
 
Por que isso?
Figueira - Pelo congestionamento imposto pelos automóveis. O poder público não tem a coragem de falar que uma faixa de ônibus transporta dez vezes mais pessoas que a mesma faixa, ao lado, de automóveis. A sociedade e a mídia cobram que existem muitos congestionamentos, [mas] acho que ainda tem pouco. Eu acabaria com o rodízio em São Paulo para a cidade sentir o que é a verdade do automóvel. Todo mundo quer andar de carro, mas não existe espaço físico que comporte mais na cidade de São Paulo. Não tem mais obra viária que vá resolver a questão da mobilidade por transporte individual. Não tem alargamento de marginal, ponte ou túnel que dê conta.

Não sou contra o automóvel. Tenho automóvel, mas me recuso a ir ao centro da cidade com transporte individual. Não cabe, é um problema físico. Você consegue colocar cem pessoas em 1 metro quadrado? Não consegue, e o que estão querendo fazer com o automóvel é isso. A avenida 23 de Maio vai continuar a mesma, e não podemos desapropriar a cidade inteira para entupir com automóveis.

Na Marginal Tietê, prefeitura e governo estadual investiram quase R$ 2 bilhões para alargar, e os congestionamentos voltaram. Aí restringiram os caminhões (leia entrevista sobre o tema), e os congestionamentos voltaram. E agora, quem eles vão tirar? (...) A demanda é tão grande que qualquer avenida inaugurada hoje, em um mês já vai estar entupida.

Quais medidas poderiam ser implementadas para melhorar a qualidade do transporte público numa cidade como São Paulo?
Figueira -
É preciso pegar o espaço viário, todo o que for necessário, para implantação de uma malha de corredores viários. Parece que a prefeitura anunciou a criação, até o fim do ano, de 140 km de faixas exclusivas, o que não é a oitava maravilha do mundo por operar na direita [da via] e ter muita interferência, mas é melhor que nada. Até esperar que se construa um corredor adequado, operando na esquerda, é benéfico operar a faixa exclusiva na direita, que basta pintar, sinalizar e fiscalizar. Esta seria a primeira medida: deixar o ônibus andar.

São quatro questões que o usuário leva em conta na hora de optar por um meio de transporte. Por que as pessoas fogem do ônibus, metrô e trens lotados, indo para o carro? Primeiro, pela velocidade: os ônibus não conseguem andar no horário de pico. Entre um carro que não anda e um ônibus superlotado que não anda, as pessoas com renda maior optam pelo carro.

A questão do rodízio. No dia que meu carro está no rodízio, eu compro e uso uma moto. Assim, aumentam o número de acidentes devido ao risco deste meio de transporte e pela forma como a maioria dos motociclistas conduz seu veículo — uma forma quase que suicida. Olha que loucura: o automóvel veio e congestionou a cidade, e agora pessoas de alta renda estão comprando motos; tenho dados sobre isso. Para fugir do congestionamento que elas próprias criaram e também do rodízio. Então, estamos fugindo de tudo, quando na verdade precisamos pensar em como fazer um choque de oferta.

Precisamos pegar duas faixas, no horário de pico, do corredor da avenida Nove de Julho, do Ibirapuera e do corredor Consolação-Rebouças para operação do transporte coletivo — doa a quem doer — porque então transportaremos em duas faixas 20 mil pessoas por hora, quando eu precisaria de 20 faixas de automóvel para transportar as mesmas pessoas. Uma faixa de ônibus leva dez vezes mais passageiros por hora que uma faixa de automóvel. Basta a decisão política para que isso seja feito.

O pré-candidato à prefeitura de São Paulo, ex-governador José Serra (PSDB), afirmou num debate sobre urbanismo que investir em ônibus em São Paulo iria engarrafar ainda mais a cidade. O senhor concorda?
Figueira -
Iria engarrafar o trânsito de automóveis, mas na verdade é o contrário: são os automóveis que engarrafam o trânsito do transporte coletivo e não deixam os ônibus andarem. (...) O ex-governador que me perdoe, mas quando falaram que iam alargar a Marginal Tietê eu avisei, numa entrevista, que iam jogar nosso dinheiro no lixo. Nas dez faixas da Marginal Tietê passam em média 15 mil automóveis por hora. Se multiplicarmos esse número pela ocupação média de 1,4 passageiro em cada automóvel, dá 21 mil pessoas por hora. Qualquer engenheiro da prefeitura sabe que uma faixa exclusiva para ônibus biarticulados, bastando apenas permitir a ultrapassagem no ponto, consegue transportar com um padrão razoável de conforto todas as pessoas que estão entupindo as dez faixas da marginal.

Se você entrar no site da SPTrans em horário de pico, você vai ver ônibus trafegando em corredores com velocidade média de 5 km/h. A prefeitura sabe disso e não faz nada. Como poderíamos atuar nessa situação? É só verificar o problema e aumentar mais uma faixa para o transporte público pelo tempo necessário. E os automóveis? Não estou mais preocupado com os automóveis. Se continuarmos preocupados com automóveis, não tem mais o que fazer. Posso investir um trilhão de dólares em obras viárias em São Paulo que nunca mais vou conseguir resolver o problema da mobilidade.

O sonho do automóvel acabou na cidade de São Paulo. Ele foi bom há 40 anos, quando era 1 em mil. Hoje, há famílias que têm oito veículos para fugir do rodízio. É o rodízio da hipocrisia: você que é pobre não vai andar, mas eu que sou rico pego meu outro carro.

O metrô e o trem vão resolver o problema? Vão resolver os grande eixos de demanda, mas não da mobilidade de uma cidade que tem mais de mil linhas de ônibus. Você nunca vai ter uma malha de metrô de 2.000 quilômetros nem daqui a mil anos. O sistema de ônibus é aquele que sobe o morro, que atende às ruas de bairros, e muitos dos seus eixos têm de ser estruturadores do sistema de transportes. Por exemplo, a avenida Rebouças, onde operam mais de 30 linhas de ônibus: teríamos de transformar em quatro ou cinco linhas-tronco com ônibus biarticulados, como se fosse um "metrôzinho sobre pneus". Outra medida é implantar um sistema em que ônibus converse com o semáforo por radiofrequência para diminuir a duração do sinal vermelho. Londres implantou isso em 1977 e diminuiu 30% no tempo de percurso, e Curitiba tem há três meses em todos os seus corredores.

Fonte: UOL. Reproduzido com permissão do Spresso SP; a íntegra do texto, que foi condensado para publicação no UOL, está aqui.

 

terça-feira, 12 de junho de 2012

9ª reunião no Ministério Público


Aconteceu, na manhã de hoje (12), no edifício sede do Ministério Público Estadual - MPE, a nona reunião para tratar da implantação de infraestrutura cicloviária na cidade de Maceió e demais rodovias do estado de Alagoas. A última reunião ocorrera há pouco mais de nove meses, mais precisamente, em 06/09/2011. O interstício de tempo foi tão grande desde a última reunião, que muitos participantes da Bicicletada nem acreditavam mais que ainda pudesse render algum fruto de todas aquelas discussões do ano passado. Mesmo assim, comparecemos em bom número para saber o que a reunião nos traria de novo. O promotor Max Martins deu início à reunião fazendo uma retrospectiva dos temas debatidos nos últimos oito encontros. Fez também a leitura da ata da reunião anterior. Logo em seguida, indagou aos presentes se houve algum avanço desde as últimas reuniões.


O Sr. Alexandre Casado, representante da Bicicletada de Maceió, disse que apesar de alguns avanços, como a ciclovia da Av. Márcio Canuto e a ciclofaixa da Av. Juca Sampaio, muitas das promessas feitas nas reuniões anteriores não foram cumpridas. O Sr. Carlos Alberto, presidente da Associação Alagoana de Ciclismo – AAC, também expressou seu descontentamento com o avanço lento da implantação de infraestrutura cicloviária na cidade. Segundo ele, a morte do ciclista José Afrânio Filho, na ciclofaixa da Av. Juca Sampaio, foi provocada por ausência de sinalização semafórica direcionada aos ciclistas. Carlos Alberto citou a dissertação de mestrado de Fernanda Cortez, que mostra que a maioria dos ciclistas da cidade utiliza a bicicleta como seu único meio de transporte, tendo como principais motivos a economia no orçamento familiar e o péssimo serviço de transporte coletivo disponível em Maceió. Carlos Alberto enfatizou a necessidade de oferecer segurança ao trânsito desses cidadãos que optaram pela bicicleta como meio de transporte.

Em seguida, o promotor Max Martins disse que espera sair dessa reunião com soluções concretas, tanto para a correção de falhas na infraestrutura cicloviária existente como para a elaboração de um cronograma para implantação de placas de sinalização de advertência em algumas vias da cidade. O promotor exibiu o mapa elaborado pela Prefeitura que trata da infraestrutura cicloviária no município.


José Moura, representante da SMTT, descreveu o mapa e afirmou que, atualmente, Maceió teria cerca de 28 km de ciclovias. Alexandre Casado colocou o mesmo questionamento que já fora colocado em reuniões anteriores, de que a ciclovia da Av. Menino Marcelo, que é mostrada com “ciclovia existente” no mapa, está inconclusa. Segundo Alexandre, Maceió dispõe de apenas 13 km de ciclovias, que consiste nas ciclovias da orla marítima, da orla lagunar e do Distrito Industrial.

O promotor Max Martins pediu que a SMTT fizesse um levantamento da situação atual para atualizar o mapa. José Moura disse que a SMTT fizera um levantamento em setembro do ano passado, alguns dias após a última reunião, mas que as fotos foram perdidas. A promotora Denise Guimarães se irritou e disse que parece brincadeira ouvir dizer que fotos foram perdidas e que considera isso uma falta de respeito com o Ministério Público. Para Denise, o assunto debatido na reunião é sério, pois se trata de vidas humanas e espera-se que o município tenha um posicionamento claro, se vai fazer ou não o que se está pedindo, que se coloque um ponto final nesse assunto.

Gildo Santana, representante da AAC, disse que compareceu a esta reunião por uma questão de honra e que espera não sair mais uma vez frustrado, já que há orçamento para realizar tudo o que se pede, que não há motivos para o poder público municipal ficar se esquivando e que gostaria de saber o que está por trás de toda essa morosidade do poder público municipal. O procurador do município, Sr. Carlos Roberto disse que o município não está parado, que algo tem sido feito e que gostaria de discutir questões técnicas, não políticas.

O promotor Max Martins indagou se a Prefeitura poderia se comprometer a colocar a sinalização de advertência nas avenidas Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro. José Moura disse que trabalha no setor de sinalização da SMTT, mas que seu setor só pode sinalizar se houver projeto. O superintendente da SMTT, Sr. Ranilson Campos, se comprometeu a contratar empresa para realizar projeto de sinalização das avenidas Fernandes Lima/Durval de Góes Monteiro, General Hermes, Gustavo Paiva e Siqueira Campos.


Em seguida, o Sr. Antônio Facchinetti apresentou uma proposta de adesivo para ser confeccionado pelo poder público municipal e ser fixado nos carros, como campanha educativa. O Sr. Carlos Roberto disse que não tem condições de realizar essa campanha nesse momento por conta do período eleitoral.

Logo após, iniciou-se um debate sobre a (deficiência na) sinalização da ciclofaixa da Av. Juca Sampaio / ciclovia da Av. Márcio Canuto. José Moura disse que a população não sabe a dificuldade que foi para realizar aquela intervenção. Também foi levantada a questão da Rua Deputado José Lages ter sido pavimentada em agosto de 2011 e até o momento não ter recebido qualquer sinalização horizontal, havendo um descumprimento do Art. 88 do Código Nacional de Trânsito por cerca de dez meses. O promotor Max Martins indagou sobre o que estaria faltando. Ranilson Campos disse que falta estrutura, falta pessoal e que há contratos vencidos. A representante do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB/AL, Sra. Isadora Padilha, disse que essa justificativa não tem fundamento, pois não houve mudança de gestão. É o mesmo prefeito que está há oito anos em seu mandato.

O Sr. Carlos Roberto sugeriu que a SMTT atualize o levantamento fotográfico e repasse para a SEMINFRA que, por sua vez, elaborará um cronograma de atividades e encaminhará ao MPE. A sugestão foi acatada pelo promotor e os prazos foram determinados em ata.
 

Em seguida, a Sra. Dione Pereira, representante da SEMPLA, disse aos presentes que Maceió desenvolveu um Plano de Mobilidade dos Não-Motorizados e que a cidade está na vanguarda no que se refere ao assunto. O secretário da SEMPLA, Sr. Márzio Delmoni, disse que esse Plano irá permitir que o município consiga verba no Ministério das Cidades. Disse também que esse Plano deu origem a dois outros planos: Plano Cicloviário da Cidade de Maceió e Plano de Passeios e Calçadas. Quanto ao Plano Cicloviário, este será encaminhado à Câmara Municipal de Maceió para aprovação. Com relação ao Plano de Passeios e Calçadas, o poder público municipal não enviará nesse momento porque entende que implicará na geração de receita e, por isso, precisa ser melhor avaliado pela Secretaria Municipal de Finanças.

Ao final, o promotor fez a leitura da ata, realizando as modificações propostas pelos presentes. Os promotores pretendiam fixar uma multa para a Prefeitura, caso não viesse a cumprir o que foi acordado. O procurador do município, Sr. Carlos Roberto, pediu que a multa fosse retirada, sob pena de não assinar a ata. O procurador justificou que não teria vindo à reunião com responsabilidade para assinar compromisso com multa. O promotor Max Martins indagou sobre quem deveria ser convidado então para responder pelo poder público municipal, se o gestor maior, o prefeito. Constou em ata a retirada da multa a pedido do procurador do município.

Sem mais a ser discutido, o promotor encerrou a reunião e informou que convidará todos os interessados assim que tiver uma data marcada para uma nova reunião.

Para baixar a ata desta reunião, clique aqui.
 
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Veja um resumo das reuniões anteriores:

- 8ª reunião, 06/09/2011, no Ministério Público Estadual

- 7ª reunião, 29/08/2011, no Ministério Público Estadual

- 6ª reunião, 18/08/2011, no DNIT

- 5ª reunião, 12/08/2011, no Ministério Público Estadual

- 4ª reunião, 01/08/2011, na SMTT

- 3ª reunião, 25/07/2011, no Ministério Público Estadual

- 2ª reunião, 13/07/2011, no Ministério Público Estadual

- 1ª reunião, 08/06/2011, no Ministério Público Estadual

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Bicicletando em Maceió

 

por Elayne Pontual

Eles viveram em lugares e épocas distintas, mas apesar disso, tiveram, basicamente, a mesma ideia: Leonardo da Vinci na Itália, Lu Ban na China e Karl Von Drais na Alemanha. Estes são os possíveis inventores do popular veículo de duas rodas que circula, até hoje, em diversas cidades do mundo, a bicicleta. Movida por várias etnias, ela tem sido considerada um símbolo de mudança social por se opor aos malefícios provocados pelos automóveis e motocicletas ao meio urbano.

 
Seja por esporte, passeio ou por uma causa humanitária, a bicicleta vem conquistando um espaço cada vez maior nas estradas, avenidas e ruas do planeta (Fotos: Michel Rios)

No início da década de 1990, alguns ciclistas se uniram para exigir seu espaço nas ruas de São Francisco, na Califórnia, uma das cidades mais populosas dos Estados Unidos. O movimento foi denominado Massa Crítica (Critical Mass) e, ainda que existissem vários objetivos para a reivindicação, um ponto específico unia os participantes: mostrar para a população os benefícios de um modelo de cidade onde haja condições favoráveis para o uso de veículos alternativos, além de um sistema de transportes mais ecológico e sustentável. A ideia percorreu diversas cidades do mundo e chegou ao Brasil em 2003, na cidade de São Paulo, recebendo o nome de Bicicletada – assim como em Portugal.

O movimento chegou um pouco mais tarde no território alagoano. Em junho de 2008, Daniel Moura Soares, 29, servidor público da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte, formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), decidiu se unir a uma colega recém-formada em Arquitetura, Fernanda Cortez, para dar início ao movimento que já acontecia há quase 18 anos em outros países.

Participantes da Bicicletada de Maceió distribuem panfletos que incentivam a utilização de transportes coletivos e alternativos

De acordo com Daniel, o que o motivou a tomar a iniciativa foi o conselho dado por uma professora da Ufal, Regina Dulce Lins: “Em suas aulas, ela sempre nos lembrava da função social que nossa profissão deveria cumprir. Dizia que, por estarmos estudando numa universidade pública, mantida com dinheiro da arrecadação de impostos, não poderíamos ser meros profissionais interessados em ganhar dinheiro”. Logo, Daniel entendeu que a sociedade, ao pagar seus estudos, tem o direito de desfrutar do que ele aprendeu durante a graduação: “É essa a contribuição que busco oferecer com a Bicicletada: dedicar um pouco do meu tempo oferecendo o conhecimento que tenho para a melhoria da minha cidade”, diz.

Por conta do nome que o movimento adotou nos países de língua portuguesa, muitas pessoas acreditam que a proposta da Bicicletada se baseia na substituição do automóvel pela bicicleta. No entanto, o veículo, movido pelo esforço do próprio usuário através de pedais, tem suas limitações e, segundo especialistas, deve ser utilizado em percursos de até 6 km. “Em nossas panfletagens e nas reuniões que participamos, buscamos mostrar que a bicicleta não é a única solução. Ela deve ser complementada por um transporte coletivo de qualidade e por calçadas acessíveis para as pessoas circularem (seja a pé, seja com cadeira de rodas)”, explica Daniel.

 
Segundo o arquiteto urbanista Daniel Soares, as maiores reclamações vindas dos ciclistas referem-se à falta de infraestrutura para facilitar o uso da bicicleta (como ciclovias e/ou ciclofaixas) e ao desrespeito dos motoristas.

O urbanista ainda afirma que há pouco incentivo ao cicloturismo no Estado, diferente dos países europeus onde a prática é bastante comum. De acordo com ele, “as rodovias alagoanas, geralmente, tem a pavimentação do acostamento com qualidade inferior ao da faixa de rolamento, possuem um asfalto mais ‘rugoso’ – o que o torna incômodo para o uso da bicicleta – e, comumente, não recebem a mesma manutenção que a faixa de rolamento, ficando repleta de buracos”, diz, completando: “O que vemos é uma cidade construída em função de quem se desloca com automóvel, perpetuando um modelo posto em prática ao longo do século 20, modelo este que inúmeras cidades de outros países já perceberam ser insustentável e tem buscado reverter o quadro”. Apesar disso, Daniel considera as belezas naturais de Alagoas um grande estímulo aos que desejam conhecer rios, cachoeiras e paisagens que, muitas vezes, são inacessíveis para automóveis.

“Não vou ao trabalho de bicicleta porque chegarei suado e lá não tem lugar para tomar banho”. Esse é um dos motivos mais frequentemente dado por aqueles que não tem o hábito de usar a bicicleta como um meio de transporte. Segundo Daniel, existem medidas simples que poderiam ser tomadas pelas empresas como forma de apoio ao uso do veículo como, por exemplo, a instalação de vestiário. Outro fator que contribui para o desestímulo ao uso da bicicleta é a falta de respeito dos motoristas. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, ao ultrapassar um ciclista, o condutor de um veículo automotor deve reduzir a velocidade e passar a uma distância igual ou superior a um metro e meio. “Como o código não especifica a velocidade e como também não há uma forma prática de saber se está a 1,5 metros de distância ou não, é interessante que o motorista se afaste o máximo que puder e passe pelo ciclista o mais lentamente possível”, aconselha Daniel.

 
O uso do capacete não é obrigatório no Brasil, mas está entre um dos itens indicados para a segurança dos ciclistas

Segundo Daniel, grande parte dos ciclistas não conhece o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Com isso, várias pessoas desconhecem seus direitos e deveres e muitas vezes são apontados por motoristas como causadores de sua própria morte. “Por mais que pareça um contrassenso – já que a vítima é que tem que se proteger do agressor –, o mais importante é que o ciclista se faça ver no trânsito: iluminando a bicicleta e usando roupas claras à noite ou com cores chamativas durante o dia; sinalizando com o braço todos os movimentos que pretende fazer, para não ser imprevisível para os motoristas; utilizando capacete (apesar de não ser obrigatório pelo CTB) e dando um grito bem alto em situação de emergência, ao invés de usar a campainha (item obrigatório pelo CTB, mas pouco eficaz)”, adverte Daniel.


Para conhecer todos os trechos onde as bicicletas e os ciclistas são mencionados no Código de Trânsito Brasileiro clique em bicicletada.org/CTB. Neste endereço você também irá encontrar um link para o código completo.

BICICLETADA DE MACEIÓ

Ciclistas se reúnem no Viaduto Aprígio Vilela, no bairro do Farol

Tradicionalmente, toda última sexta-feira do mês, um grupo de ciclista se reúne às 18h, em cima do Viaduto Aprígio Vilela, no bairro do Farol. O local foi escolhido por ter grande visibilidade. O horário também é estratégico, pois às 18h o trânsito está, na maioria das vezes, congestionado, o que facilita a apresentação de faixas, a panfletagem e o diálogo com os motoristas. “Quando perguntamos: ‘O que o senhor acha que deveria ser feito para melhorar o trânsito da cidade?’, muitos respondem: ‘Construir viadutos’. Então prontamente mostramos que ele está num viaduto que foi construído para isso e não serviu para resolver o problema”, diz Daniel.

Na noite do dia 25, aconteceu mais uma edição da Bicicletada de Maceió. Entretanto, desta vez, os participantes resolveram deixar as roupas fitness guardadas e usaram aquele vestidinho básico, no caso das mulheres, ou uma camisa social de manga-longa, no caso dos homens. O Cycle Chic é um movimento originário da Dinamarca e pretende mostrar que é possível integrar a bicicleta à rotina das pessoas, sem que elas precisem alterar o modo de se vestir. De acordo com Daniel, a ideia de colocar em prática o Cycle Chic durante a Bicicletada serviu de impulso para outras ideias. “Na Bicicletada de junho, que será realizada uma semana antes, no dia 22, devido ao feriado do dia 29, já combinamos de nos vestir com trajes típicos de festas juninas”, revela.

Compacta e silenciosa, além de fazer bem à saúde, a bicicleta é um dos meios de transportes mais ecológicos utilizado pelo homem, seguida por skates, patins e outro veículos movido à propulsão humana

Para a estudante de direito e também participante da Bicicletada de Maceió, Vanessa Vassalo, 21, o movimento é importante por permitir que as pessoas saiam do isolamento e da solidão do automóvel e passem a frequentar os espaços públicos, seja a pé, de bicicleta ou no transporte coletivo. “Ao nos isolarmos, deixamos de viver o cotidiano da nossa cidade, deixamos de conhecer pessoas, de conversar, de caminhar por Maceió, de sentir o lugar em que vivemos. Por isso, penso que o correto é utilizar o automóvel só quando for realmente necessário. É um bem que fazemos para a coletividade e para nós mesmos”, diz.