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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

AL-101 Sul e o Dia Mundial Sem Carro


Como todos sabem, dia 22 de Setembro é o Dia Mundial Sem Carro. É também o Dia Estadual do Ciclista em Alagoas (Lei Estadual nº 7.719/2010) e o Dia Municipal Sem Carro no município de Maceió (Lei Municipal nº 5.884/2009).

Curiosamente, o dia 22 de setembro de 2012, próximo sábado, Dia Mundial Sem Carro, foi a data escolhida pelo Governo de Alagoas para inaugurar a duplicação da AL-101 Sul. A solenidade de inauguração será no viaduto de acesso a Praia do Frances, município de Marechal Deodoro.

Será contradição ou confirmação de ideias?


Para muitos, essa obra é de grande relevância para a economia do estado. Para outros, existem demandas mais emergenciais que, se tratadas com o mesmo empenho, como foi tratada a duplicação da AL-101 Sul, trariam muitos benefícios concretos para a população alagoana.

Debates a parte, o fato que obra foi concluída. Mas logo vem a pergunta: como serão tratadas as necessidades de deslocamento dos ciclistas e pedestres?

Não cabe mais reivindicar a construção de ciclovia, ao longo da supracitada AL-101. Vale lembrar que essa reivindicação foi muito bem feita pelo dirigente de um grupo hoteleiro de Maceió, à época da elaboração do projeto de duplicação. Esse diretor levou ao governo a idéia de se criar uma rota cicloturística na região (Maceió, Coqueiro Seco, Barra Nova, Massagueira, Frances, Marechal Deodoro, Barra de São Miguel). Explicou que caberia ao Estado, já que iriam duplicar a rodovia, prover uma estrutura que proporcionasse segurança ao cicloturista, no caso, a construção de ciclovia ao longo da duplicação. Explicou que o restante da estrutura para o cicloviajante seria provido pela iniciativa privada e pelas prefeituras e que, tal ação, por parte do Estado, criaria um novo potencial turístico para a região, que novos negócios seriam fomentados, que tal ação iria beneficiar a população local, visto que muitos moradores da região utilizam a bicicleta como meio de transporte e também iria beneficiar aqueles que andam de bicicleta por lazer ou esporte (na região existe um fluxo considerável desses ciclistas). Toda argumentação foi em vão, a ideia foi rejeitada.

Diante dos fatos, cabe a nos ciclistas não mais reivindicar ciclovia para a região, esse sonho não se concretizará!

Cabe sim, reivindicar medidas que proporcionem mais segurança para os ciclistas que trafegam pela nova AL-101 Sul.

Cabe a nós ciclistas cobrar a manutenção e conservação das áreas de acostamento, sinalização vertical de advertência ao longo da rodovia indicando a presença de ciclistas (placa de advertência A-30a), fiscalização eletrônica ao longo de toda a rodovia para que o limite de velocidade imposto aos motorizados não seja desrespeitado, campanhas educativas direcionadas aos motoristas e ciclistas, tratamento adequado das pontes para que o ciclista e o pedestre possam atravessar com segurança.

Fato curioso: foi informado que, na travessia da ponte Divaldo Suruagy (a ponte do Detran), o ciclista deve atravessar (sentido Maceió, Barra Nova) pela ponte da esquerda, pela borda esquerda, pois haverá espaço reservado para essa travessia de modo seguro, que seria uma intenção de dar continuidade ao percurso que o ciclista faz quando vem pela ciclovia da orla marítima do Pontal da Barra. Acontece que ao final da travessia o ciclista estará na contramão de direção, sentido contrário à movimentação dos veículos motorizados. Como todos sabem, o ciclista não deve trafegar na contramão (contra-fluxo) pois é uma situação que contraria a legislação e, acima de tudo, é muito perigosa (exceção se faz em vias urbanas e quando o contra-fluxo é devidamente sinalizado).

Então, ao final da travessia como o ciclista irá se posicionar no acostamento das faixas da direita (mesmo sentido de direção dos veículos motorizados) para prosseguir sua viagem? Talvez algum projetista (que sempre esquece a existência de pedestres e ciclistas) possa explicar.

É fato que a AL 101 Sul passa por várias áreas onde existe fluxo de travessia de pedestres. Será que os pedestres também foram esquecidos? Será que os projetistas acreditam que a simples pintura de faixas para pedestres, em locais onde não existe demanda para travessia, resolve a questão?

É necessária a realização de um trabalho muito responsável com relação aos pedestres!

Quando se fala em trabalho responsável, podem ser citadas, como exemplo, ações de campo para mapear as reais necessidades de travessia. A implantação de faixas para pedestres obedecendo ao principio da racionalidade (não é correto impor uma caminhada de 2 km para ter o direito atravessar com segurança). Também se faz necessário um intenso trabalho educativo (com motoristas,  pedestres e crianças), para que seja criada a cultura da travessia com segurança. As faixas de travessia devem ter dimensões adequadas, a exemplo das grandes faixas pintadas recentemente na Av. Paulista (São Paulo/SP), e não o padrão acanhado que é utilizado nas vias urbanas de algumas cidades. E acima de tudo, é necessária a fiscalização eletrônica para coibir o excesso de velocidade.

Para alguns motoristas essas considerações podem ser classificadas como desnecessárias ou antipáticas, afinal de contas dizem respeito a benefícios (direitos) para pessoas que estão fora dos veículos motorizados. Motorizados estes, conduzidos algumas vezes com muita responsabilidade, mas em outras, com muita irresponsabilidade, egoísmo e intolerância. Mas temos certeza de que, para os que estão do lado de fora dos veículos, que são as maiores vítimas dos acidentes de trânsito, o que foi explanado aqui tem muita coerência e objetividade.

Por meio de uma consciência crítica e união, é possível preservar os nossos direitos, ou seja, as nossas vidas.

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