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sábado, 27 de abril de 2013

59ª Bicicletada de Maceió

Na tarde de hoje, aconteceu a 59ª edição da Bicicletada de Maceió. Nós nos encontramos no novo local de saída da Bicicletada: a praia de Ponta Verde, em frente ao Alagoinhas.
 

Antes da saída, a Diana fez a prometida distribuição de flaus.


De lá, seguimos em direção ao histórico bairro de Jaraguá.


Tivemos a participação ilustre do Luís André, que sempre dizia que iria participar e, finalmente, cumpriu sua promessa.


Fomos até a praça Sinimbu e retornamos pela orla das praias da Avenida e da Pajuçara.


No retorno ao Alagoinhas, vimos uma placa deitada no chão, provavelmente derrubada pelos fortes vento e chuva dos últimos dias. Além do incômodo que a placa derrubada causava a todos os ciclistas que tentavam usar o espaço que a Prefeitura chama de “ciclovia”, nos levantou a seguinte questão: O que faz o Governo do Estado gastar dinheiro confeccionando uma placa com os nomes “Praia de Pajuçara – Praia de Ponta Verde”? Qual era a serventia dessa placa?


Bem, se não era para dizer o óbvio, pelo menos para alguma coisa a placa serviu. O artesão uruguaio Edgar Ícaro a utilizou como assento enquanto nos mostrava um pouco de seu trabalho e nos falava sobre sua impressionante filosofia de vida. Voltamos para casa bastante satisfeitos com tudo que escutamos.

 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

2ª Reunião na Sempla


Estiveram reunidos na manhã de hoje, no auditório da Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento – Sempla, técnicos da Prefeitura de Maceió, representante da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas – Ademi-AL, representantes da Associação Alagoana de Ciclismo – AAC e da Bicicletada de Maceió. A reunião tinha como objetivo debater o projeto da Av. Josefa de Melo (que está sendo construída interligando a Av. Márcio Canuto, no bairro do Barro Duro, à Av. Gustavo Paiva, no bairro de Cruz das Almas), bem como o Projeto de Lei do Sistema Cicloviário de Maceió.


A reunião teve início com a apresentação do projeto da Av. Josefa de Melo por parte do engenheiro aposentado da Prefeitura de Maceió José Vieira Passos Filho. Passos informou que o projeto fora desenvolvido pela empresa de Múcio Pina Lopes, que contou com sua colaboração.


Após a apresentação, os técnicos da Prefeitura de Maceió questionaram o fato de não terem sido consultados sobre o projeto da nova avenida. Segundo os técnicos, comumente, os projetos não são discutidos pelos órgãos do município e as obras são iniciadas antes mesmo de se ter um Projeto Executivo, o que faz com que o processo seja “atropelado” e, qualquer discussão que se levante, seja pelos técnicos da Prefeitura, seja pela população, tem de ser feita com a obra já em andamento.

Fonte: Panoramio

Segundo o site TNH1, a construção da nova avenida está sendo realizada através de uma Parceria Público Privada – PPP entre a Prefeitura de Maceió e o Grupo Pão de Açúcar, que pretende construir um supermercado na região. A obra custará R$ 7,7 milhões e a Prefeitura de Maceió arcará com R$ 3,7 milhões, ficando o restante a cargo da iniciativa privada.


Segundo os engenheiros da Secretaria Municipal de Obras e Urbanização – Seminfra, Wilde Clécio Falcão e Marília Gomes de Melo, foram protocolados no órgão os projetos de terraplenagem, drenagem e pavimentação. A execução da terraplenagem e drenagem ficaria a cargo da iniciativa privada, enquanto a pavimentação ficaria a cargo do poder público municipal. Contudo, o projeto sofreu mudanças por conta da “Passagem de Nível” (semelhante a um viaduto, porém escavado) que será feita no cruzamento com a Av. Juca Sampaio. Os engenheiros informaram que foi solicitada readequação ao projeto de terraplenagem e drenagem e a mesma ainda não foi apresentada à Seminfra.


Wilde Clécio informou que a obra não está sendo executada de forma irregular. Segundo ele, foi feita licitação, há licença ambiental e tudo mais que é exigido para que a obra seja realizada. O que se está discutindo é a pressa na realização da obra sem que a mesma seja amplamente discutida com os técnicos da Prefeitura e com a sociedade. Clécio disse que a Seminfra é um órgão operacional, responsável pela execução das obras, e que as questões de planejamento urbano deveriam ser discutidas com a Sempla e SMTT, com participação da sociedade.

Os técnicos questionaram o caminho equivocado que as obras realizadas pelo poder público seguem. O projeto é protocolado diretamente na Seminfra, sem que haja participação dos demais órgãos do município. Quando os técnicos dos demais órgãos tomam conhecimento dos projetos, é através da imprensa, quando a Ordem de Serviço já foi assinada pelo prefeito.


Alexandre Casado, participante da Bicicletada de Maceió, indagou sobre a possibilidade de interromper a obra para que essas questões sejam resolvidas. Segundo ele, cada técnico que está presente na reunião deve levar o apelo para o secretário do órgão do qual faz parte para que então os secretários mostrem o problema ao prefeito. Alexandre disse que isso se faz necessário para evitar futuros problema de trânsito ou alagamento, por exemplo, que possam prejudicar o próprio prefeito, com críticas da sociedade à sua gestão.

Gildo Santana, representante da AAC, lamentou haver uma total falta de sintonia entre os órgãos municipais. Segundo Gildo, todos nós sabemos que a ação política costuma se sobrepor a qualquer visão técnica, mas acredita que a Sempla deve ser o órgão principal para coordenar qualquer projeto de intervenção no espaço público da cidade, caso contrário, todos serão prejudicados, tanto os técnicos como a própria sociedade. Gildo sugeriu convidar o Chefe de Gabinete da Prefeitura para coordenar esse processo.

Daniel Moura, participante da Bicicletada de Maceió, questionou se, no projeto da nova avenida, foi cogitada a construção de uma faixa exclusiva para transporte coletivo, conforme determina o Plano Diretor de Maceió (Art. 79, inciso II; Art. 81, parágrafo único, inciso III; Art. 84, inciso III).


Os técnicos da SMTT disseram que a obra está sendo executada sem que a SMTT tenha tido a oportunidade de opinar no projeto. Desejavam que a via tivesse três faixas, para que pudesse ser incluído um corredor exclusivo para ônibus, mas a mesma está sendo executada com apenas duas faixas por sentido de circulação.

As faixas exclusivas para o transporte coletivo são formas que as cidades vêm buscando de privilegiar o transporte coletivo em detrimento do automóvel. A exemplo da cidade de Curitiba, os ônibus (que transportam a maioria da população) trafegam em corredores exclusivos, o que faz com que não percam tempo parados em congestionamentos causados pelos automóveis (que transportam a minoria da população).



Exemplo do TransMilenio de Bogotá, na Colômbia, inspirado no modelo de Curitiba.

Ficou decidido que cada técnico discutirá o assunto dessa reunião em sua secretaria e trará, na próxima reunião, a resposta do secretário sobre a proposta de centralizar, na Sempla, todas as questões referentes a intervenções no espaço público. A próxima reunião ficou agendada para o dia 09/05/2013, às 8h, no auditório da Sempla.

Devido ao adiantado da hora, o PL do Sistema Cicloviário não pôde ser discutido e ficará para a próxima reunião.

Leia também:

 - Reunião na Sempla

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Em 08/05/2013:

Recebemos e-mail informando sobre o adiamento da reunião que estava marcada para amanhã (09/05/2013). Informaremos assim que uma nova data for marcada. Transcrevemos abaixo a mensagem:

"Dando encaminhamento à reunião do dia vinte e cinco de abril de dois e treze sobre a Av. Josefa de Melo estamos analisando a seção da via a partir do termo de doação da faixa e adequação da seção ao código de urbanismo e edificação de Maceió a partir das possibilidades atuais pelo andamento da obra. Todas as questões abordadas na reunião foram passadas aos Secretários e estão sendo tomadas as devidas providencias. Pedimos desculpa pela impossibilidade de reunião esta semana, entraremos em contato na semana seguinte."


Fernanda Cortez

Coordenadora Geral de Mobilidade Urbana - Sempla
   

terça-feira, 16 de abril de 2013

Reunião na Sempla

 

Aconteceu, na manhã de hoje (16), na Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento - Sempla, a 11ª reunião do ciclo de debates para tratar da implantação de infraestrutura cicloviária na cidade de Maceió. A reunião teve como pauta a busca de soluções que minimizem os conflitos entre bicicletas/pedestres e o tráfego motorizado na interseção Márcio Canuto / Juca Sampaio / Josefa de Melo, bem como o Projeto de Lei (PL) do Sistema Cicloviário de Maceió.

Fernanda Cortez, coordenadora geral de mobilidade urbana da Sempla, deu início à reunião dizendo que, o que se costumava fazer em gestões passadas era apresentar os projetos urbanos depois de prontos, não dando oportunidade à população para opinar. Segundo ela, nessa nova gestão, buscarão manter o diálogo com a população e que esta é a primeira de muitas reuniões que pretendem realizar.


Dando continuidade à reunião, os presentes tentaram buscar soluções para minimizar os conflitos existentes no cruzamento da nova avenida que está em construção na cidade, interligando a Av. Márcio Canuto, no Barro Duro, à Av. Gustavo Paiva, em Cruz das Almas.


Alexandre Casado, representante da Bicicletada de Maceió, ponderou que todas as interseções devem ter a sinalização adequada, tanto vertical como horizontal, iluminação, redução da velocidade e trabalho de educação e fiscalização. Segundo ele, a prioridade deve ser a segurança de todos que estão na via, não a velocidade, o fluxo. Alexandre disse ser difícil apresentar soluções que minimizem esses conflitos quando o projeto da interseção já nasceu como uma solução rodoviária dentro da cidade. Para ele, se tal solução fosse apresentada para uma rodovia, os conflitos com pedestres e ciclistas não seriam tão grandes, mas quando a obra está inserida na cidade, pedestres e ciclistas devem ser considerados em primeiro lugar, não os carros.


Os presentes discutiram que tais projetos costumam ser terceirizados e elaborados pela própria construtora que os executa. Quando chegam à SMTT, o máximo que podem intervir é na implantação da sinalização horizontal e vertical. Portanto, não será possível fazer o ideal, mas aquilo que permitem os instrumentos que se tem. Nenhum representante da SMTT compareceu à reunião.


Jairo Antonio, engenheiro da Seminfra sugeriu que o projetista seja convocado à próxima reunião para apresentar o projeto e dar explicações sobre o que pretende para a área, bem como ouvir críticas e sugestões de melhorias para minimizar os conflitos com pedestres e ciclistas. Fernanda Cortez anotou alguns pontos levantados pelos presentes para que sejam colocados na próxima reunião, na presença do projetista.


Antes de iniciar a discussão sobre o PL do Sistema Cicloviário de Maceió, o arquiteto e urbanista Renan Silva disse aos presentes que participou recentemente de reunião na cidade de Natal-RN sobre a redução da morbimortalidade no trânsito. Renan informou que, em outros estados, não foi montado um “comitê de segurança no trânsito”, mas um “comitê de mobilidade” que apresenta uma visão mais ampla do problema, não buscando o enfoque apenas nos acidentes automobilísticos, mas uma visão mais geral de mobilidade que leve em consideração o transporte coletivo, a bicicleta e os pedestres. Renan disse que levará essa sugestão à próxima reunião que participará na Secretaria Estadual de Saúde.


Em seguida, os participantes da reunião iniciaram a discussão sobre o PL do Sistema Cicloviário de Maceió. Gildo Santana, representante da Associação Alagoana de Ciclismo - AAC explicou que há dois projetos tramitando na Câmara de Vereadores: um de autoria da vereadora Fátima Santiago (PP) e outro de autoria do Poder Executivo. Os participantes pretendiam elaborar uma terceira proposta a ser enviada à Câmara Municipal. Gildo informou que isto atrasaria ainda mais a aprovação do PL, devido a todo trâmite que o novo PL deveria seguir. Segundo ele, seria mais interessante se fossem apresentadas emendas ao PL do Poder Executivo que já tramita na casa.

Os participantes decidiram fazer a leitura dos dois PLs e, na próxima reunião, após a apresentação do projeto da Av. Josefa de Melo, discutir, de maneira objetiva, as modificações que cada um propõe ao PL do Sistema Cicloviário.

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A próxima reunião ficou agendada para quinta-feira (25/04/2013), às 8 h, na Sempla.


Se você não puder comparecer à próxima reunião e quiser enviar sugestões de modificação no PL do Sistema Cicloviário, deixe comentário aqui no blog ou envie para bicicletadademaceio@gmail.com

Baixe aqui os dois projetos de lei:

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A vez da magrela



Pedale por 10 cidades onde a bicicleta é um meio de transporte essencial

Em tempos de sustentabilidade e saturação de veículos motorizados, a biclicleta ganha cada vez mais adeptos ao redor do mundo. Em algumas cidades, ela representa o principal meio de transporte – e um meio atrativo sobre o qual os visitantes podem conhecer destinos. Levamos você para rodar por 10 cidades mais do que amigáveis das magrelas, onde o seu uso não é apenas amplamente adotado, como incentivado por medidas criativas para que elas nunca deixem de circular.

1. Montreal, Canadá


Montreal faz jus à fama de ser ‘bike-friendly’: o governo da cidade investiu 134 milhões de dólares canadenses na reforma da pavimentação de ciclovias para manter viva e funcionando uma prática há muito difundida entre a população.


A cidade se gaba por possuir 480 km de ciclovias, que já estão na mira para um plano de expansão. Outro grande trunfo de Montreal é o Bixi Bikesharing System (montreal.bixi.com), um sistema com 410 estações de bicicletas espalhadas pela cidade para você se ‘servir’ de uma e rodar por lá. Para devolvê-la, basta encontrar uma estação. O valor do aluguel é simbólico e é possível pagar uma taxa anual (80 dólares canadenses), que dá direito a viagens diárias ilimitadas, desde que cada uma seja de até 45 minutos. Para estender esse período, basta pagar uma taxa adicional.


2. Portland, EUA



Portland sabe como recompensar seus ciclistas: a rede de ciclofaixas sempre movimentadas recobre a cidade e termina em belos parques e lagos, onde é possível relaxar do passeio. Você pode alugar uma bicicleta por US$ 20 para metade do dia em um dos postos da cooperativa Citybikes (citybikes.coop). São quase 500 km reservados para o ciclismo, que corresponde a 9% do transporte da cidade.



Uma iniciativa do governo que ainda está em andamento pretende estabelecer o sistema de bike share, em que os usuários pagam anuidades que variam entre US$ 50 e US$ 85 para usar as bicicletas.


3. Barcelona, Espanha



Assim como o sistema de bike sharing de Montreal, Barcelona também disponibiliza, pelo menos, 100 estações para retirada e devolução de bicicletas, basta ter o cartão do serviço, que o usuário pode obter através do site do programa, chamado Bicing (bicing.com). O governo construiu um‘cinturão verde’em torno da área metropolitana da cidade só com ciclofaixas.



Outras iniciativas como estacionamentos subterrâneos para a prevenção de roubos estão sendo estudadas e, enquanto elas não saem do papel, o ciclista pode contar com 3.250 pontos espalhados pela cidade para estacionar sua magrela. Outra iniciativa que funciona a pleno vapor em Barcelona são os eventos e as atividades em torno do assunto, como a Semana da Bicicleta, que mistura lazer e palestras na campanha pela adesão do transporte mais sustentável – e saudável – que existe.


4. Amsterdã, Holanda



São os ciclistas que ditam as regras nas ruas de Amsterdã, que ostenta, merecidamente, o título da cidade mais amigável de bicicletas do mundo – e a mais bonita para se conhecer sobre duas rodas também. Toda rota tem um cenário fascinante, pontuada de casas de arquitetura típica europeia e cafés charmosos. As bicicletas são responsáveis por 40% dos transportes usados na cidade. Na estação central foi construído um estacionamento (na foto) para 7 mil magrelas para quem vai de bike até a estação. Se você não quiser se arriscar em uma rota sozinho, procure pelo serviço de guias, como o Mikes’ Bike Tour (mikesbiketoursamsterdam.com).


5. Berlim, Alemanha



Surpreenda-se: menos da metade da população de Berlim possui carro próprio. Nada menos do que 13% de todo tráfego das ruas da capital alemã é composto por ciclistas, que totalizam 500 mil. Em um sistema organizado, as ciclovias têm espaço delimitado nas ruas e amplas calçadas da cidade. Além disso, quem decide sair de casa sobre duas rodas não corre o risco de se perder. O site BBBike (bbbike.de) traça a melhor rota de um lugar para outro, basta preencher o endereço de destino e o de chegada.


6. Copenhague, Dinamarca



A cidade de Copenhague investe altas quantias para melhorar a infraestrutura de ciclovias, que têm seu próprio sistema de sinalização. Todo habitante tem uma bicicleta e mais de 30% dos trabalhadores usa a magrela como meio de transporte. No bairro alternativo e autônomo de Christiania não entram carros, enquanto em outros locais, como no centro da cidade, é cobrada uma taxa de € 1,40 por hora para estacionar na rua. Sendo assim, andar de bicicleta passou a ser visto como uma forma de economizar.



Postos de empréstimos da magrela estão espalhados pela região central da cidade, que reembolsam no ato da devolução o crédito de € 2,70 depositado na retirada. Na foto, um estacionamento divertido com capacidade para três bicicletas.


7. Trodheim. Noruega



Você já imaginou um elevador para bicicletas? Pois em Trondheim, na Noruega, ele não só existe (trampe.no/english), como evita que os ciclistas cheguem suados ao trabalho. Instalado em ladeiras, o sistema permite que o usuário não precise descer da bicicleta, basta apoiar o pé sobre um suporte preso a um cabo, que empurra o ciclista montado até a parte mais alta da rua.



Além do elevador, outras iniciativas como o aluguel de bicicletas, faz de Trondheim uma cidade referência quando o assunto é transporte sustentável. A meta do governo ali é aumentar o número de ciclistas em 8% até 2015.


8. Davis, Califórnia, EUA



O logo dessa pequena cidade de 65 mil habitantes é uma bicicleta. Para completar, por ali circulam mais magrelas do que veículos motorizados – incluindo as das crianças que usam bikes para ir à escola. Davis foi uma das primeiras cidades nos Estados Unidos a incorporar a bicicleta no sistema de tráfego da cidade e dispõe de túneis para os ciclistas não precisarem desviar de suas rotas. E para coroar todas as iniciativas anteriores, a prefeitura planeja construir um museu dedicado apenas à bicicleta, que se tornou símbolo de transporte saudável, tanto para o corpo como para o planeta.


9. Pequim



A necessidade criou uma boa ocasião para a capital chinesa se tornar mais sustentável: o congestionamento intenso. Como alternativa, os chineses de Beijing passaram a adotar a bicicleta para se locomover sem atrasos ou estresse. Embora a convivência com os veículos motorizados não seja ainda de todo pacífica – o que se torna ainda mais visível pelo alto índice de acidentes envolvendo motoristas e ciclistas – Beijing conta com uma estrutura consistente de ciclovias e oficinas para pequenos reparos na magrela, além de ser plana e ter fama de comercializar bikes a preços imbatíveis.



Uma das diversas oficinas espalhadas pelo centro da capital chinesa.


10. Bogotá, Colômbia



Para representar os países da América do Sul entre as cidades ‘bike-friendly’, escolhemos Bogotá. Pioneira na iniciativa de interditar vias trafegadas por carros um dia por semana em favor do ciclismo, de caminhadas e de outros esportes – modelo que foi seguido por São Paulo ao fechar o popular ‘Minhocão’ aos domingos –, a capital colombiana conta com 300 km de ciclovias, que ligam o centro aos bairros do subúrbio em três circuitos diferentes. Desde a construção das ciclovias, o número de ciclistas aumentou em cinco vezes.


Fonte: MSN Viagem


sábado, 13 de abril de 2013

Bicicleta: pergunte-se como


por Thiago Benicchio*

Durante o século XX o rodoviarismo relegou à bicicleta o papel de instrumento para prática esportiva ou para o lazer de final de semana. As ruas foram dominadas por automóveis, ônibus e caminhões, veículos perigosos, com pesos e velocidades letais aos seres humanos. A bicicleta foi confinada aos parques, competições esportivas ou periferias das cidades -- onde a "falta de opção” manteve sempre um número alto, porém socialmente invisível, de ciclistas.

Com o aumento exponencial do congestionamento motorizado na última década e a ação criativa de movimentos de ciclistas, o dualismo "transporte e trânsito” começou a ser arejado. A ideia de que a bicicleta pode ser uma opção para os deslocamentos cotidianos começou a sair da invisibilidade, ganhando a cada dia a simpatia de parcelas cada vez maiores da população. A pergunta que deve ser respondida agora não é mais "se” a bicicleta é possível, mas sim "como” atender ao desejo da população e a necessidade das cidades de ampliar o uso deste modal. Essa resposta começou a ser formulada há algumas décadas em muitas cidades do norte da Europa e da Ásia. Mais recentemente, cidades da América do Norte e também do Sul também começaram a encontrar seus caminhos. No Brasil, seguimos bastante atrasados.

Em parte, ainda existe uma visão que nos afasta da construção de alternativas: "Não podemos estimular a bicicleta, pois as ruas são muito perigosas” ou "as ruas já estão congestionadas, não tem espaço para construir ciclovias e devemos priorizar o transporte coletivo”.

É certo que as ruas se tornaram cenário de uma epidemia invisível: só no estado de São Paulo, morrem mais pessoas vítimas de colisões e atropelamentos de trânsito do que as vitimadas por armas de fogo. É visível também o estado do congestionamento, mas ele certamente não é causado por bicicletas. A barbárie das mortes e mutilações no que erroneamente se chama de "acidentes” de trânsito ou a divisão injusta do espaço de circulação para privilegiar o transporte individual motorizado é o problema a ser tratado, não uma conclusão que provoque imobilismo. Além disso, não há oposição, mas sim complementaridade entre a inserção da bicicleta no tecido urbano e a prioridade que deve ser dada inequivocamente aos meios coletivos de transporte público e à caminhada.

A bicicleta é um veículo adequado para qualquer cidade do mundo, tenha ela clima quente ou frio, topografia plana ou montanhosa, muitos ou poucos habitantes, abundância ou carência de recursos. Exemplos como Copenhague (onde neva em boa parte do ano), São Francisco (que possui topografia mais acidentada que São Paulo), Nova Iorque (com uma população de megacidade) ou Bogotá (com pouco orçamento municipal) desmontam os mitos mais elementares sobre a bicicleta.

A decisão política e social de inserir a bicicleta no cotidiano das cidades deve buscar contornar os desafios locais e constituir um modelo que permita o conforto e a segurança aos usuários, que dê conta de estimular a demanda reprimida e que se inspire (mas não necessariamente copie) as experiências e práticas de outras cidades.

A maioria das cidades brasileiras ainda não possui modelos e práticas urbanas e de transportes para incluir a bicicleta. Ou melhor, possuímos modelos atrasados e que sofrem com a dificuldade administrativa, com falta de planejamento e de orçamento para implementação e experimentação destas práticas. Em São Paulo, por exemplo, a atual administração anunciou a construção de 400 km de "vias cicláveis” até 2016. A utilização de um termo que escapa da associação quase mimética entre bicicleta e ciclovia é um sinal positivo.

Ainda assim, boa parte dos projetos anunciados já existe e está parada em alguma gaveta de algum órgão municipal, em estágios diferentes entre projeto funcional, básico, executivo e licitação de obras. Alguns datam da década de 1990. O atraso e a lentidão entre concepção e execução de um projeto cicloviário faz com que os conceitos utilizados em boa parte dos projetos estejam bastante defasados frente às necessidades e possibilidades urbanas para a bicicleta. Será desejável adequa-los (e isso é possível em muitos casos), mas é fundamental implantá-los.

Durante muitos anos (e até hoje) a concepção sobre a inserção da bicicleta no Brasil esteve intrinsecamente associada à construção de ciclovias em canteiros centrais de avenidas ou na orla (de rios, mares ou ferrovias). Este modelo não é único e nem sequer o melhor para todas as situações e geralmente atende apenas à lógica de inserir a bicicleta no "espaço que sobra e sem atrapalhar o ‘bom andamento’ do fluxo motorizado”. Tal visão geralmente resulta em pistas estreitas, caras, sinuosas, que impermeabilizam o único local permeável de uma via e que oferecem pouca conexão com os lotes, desperdiçando o potencial da bicicleta para a readequação urbana do entorno e para os pequenos deslocamentos.

A construção de cidades cicláveis apresenta como desafio aos gestores e planejadores a necessidade de possuir um olhar detalhado sobre o tecido urbano. Não se trata mais de criar estruturas para promover deslocamentos de massas de pessoas entre o ponto A e o ponto B. A bicicleta é um veículo que pode ser amplamente usado pela população em distâncias de até 8 km, portanto é fundamental que ela seja pensada como instrumento de transformação do entorno, e não condicionada ao "espaço que sobra”.

O princípio orientador é a adequação de todas as vias de uma cidade ao deslocamento por bicicletas, fazendo com que qualquer cidadão capaz de exercer o pequeno esforço envolvido no ato de pedalar a distância que deseja tenha tal direito garantido. Assim como o fluxo de pedestres, as restrições ao uso da bicicleta por razões de segurança ou conforto deveriam ser exceção, guardada geralmente às vias expressas.

Este princípio não quer dizer construir ciclovias em todas as ruas, pois a gama de ferramentas é bastante ampla e interdisciplinar: adoção de medidas de acalmamento de tráfego (traffic calming) para o compartilhamento das vias nos bairros; conexão com terminais de transporte público através de redes alimentadoras e bicicletários; redução das distâncias através da distribuição mais equitativa de moradias, empregos e serviços; ciclovias segregadas onde não é seguro ou adequado o compartilhamento; programas educativos; sistemas de bicicletas compartilhadas; redução dos limites de velocidade e da impunidade dos crimes de trânsito; restrição à circulação de veículos motorizados em algumas áreas da cidade; disponibilização de informações sobre trajetos; instalação de bicicletários em vias públicas e interior de prédios, entre outras.

As cidades brasileiras precisam começar a experimentar estas ferramentas, desenvolver seus modelos próprios e considerar que a constituição de políticas públicas para beneficiar o uso de bicicletas gera um círculo virtuoso. A combinação destas políticas com a construção de paradigmas sociais, econômicos e urbanos que sejam mais inteligentes para a vida em comunidade e utilização dos recursos disponíveis resulta em benefícios para a saúde física e mental dos habitantes, ajuda a reduzir os danos ambientais e estimula a cidadania.

Não se trata de acreditar que todos os cidadãos devem andar de bicicleta em todos os seus deslocamentos, mas sim que todos aqueles que desejam possam fazê-lo. E isso fará muito bem para as cidades.

* Thiago Benicchio é jornalista e atualmente ocupa o cargo de Diretor-Geral da Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo.



quarta-feira, 10 de abril de 2013

O trânsito, a guerra e a paz

 Foto: Ze Carlos Barretta - CC

Por Denis Russo Burgierman, em 8 de abril de 2013

Vinha eu pela rua, de bicicleta, a caminho do trabalho e, vendo que não havia ninguém na direção contrária, passei pelo sinal vermelho. Um pedestre que atravessava pela faixa se incomodou e falou, num tom baixo, tranquilo: “o farol”. Não respondi, nem parei, nem olhei. Veterano da “guerra do trânsito” que sou, deixei o pedestre para trás se sentindo desprezado. Segui meu caminho.

Mas segui pensando.

Eu poderia ter parado. Como minha bicicleta é pequena e eu ia devagar, bastaria flexionar um tiquinho as falanges da mão, apoiar a ponta de um pé no chão e eu estaria de frente para o pedestre. Poderia fixar meus olhos nos olhos dele e falar num tom igualmente baixo, igualmente tranquilo: “eu vi você, só passei o sinal vermelho porque tinha certeza de que não iria colocar ninguém em perigo. Minha bicicleta é pequenininha, eu sabia que não iria assustar você.”

Mas não falei nada disso, segui em frente ignorando o sujeito. Afinal, eu sou um ciclista, ele é um pedestre, somos de exércitos diferentes na guerra do trânsito. Não conversamos.

Esse (des)encontro num cruzamento de São Paulo me fez lembrar dos textos da jornalista Natália Garcia, criadora do projeto Cidades Para Pessoas. Natália costuma dizer que nós não somos “ciclistas”, “pedestres”, “motoristas”, “motoqueiros”. Somos, antes de mais nada, pessoas.

Tanto eu quanto aquele pedestre quanto os motoristas à nossa volta somos seres humanos. Por acaso, naquele dia, por algum motivo, eu decidi que o melhor jeito de chegar ao trabalho seria de bicicleta – enquanto outras pessoas pela cidade optaram por andar de carro, a pé, de ônibus, de metrô, de táxi, de helicóptero. Isso não precisa fazer de nós inimigos.

Eu não sou “ciclista”. Sou uma pessoa, filho dos meus pais, irmão dos meus irmãos, amigo dos meus amigos, funcionário do meu empregador, pagador de impostos na minha cidade. Não sou um guerreiro de uma guerra imaginária. Minha bicicleta não me define. Assim como o carro imenso de vidro fumê à minha frente não é necessariamente um inimigo cruel – talvez seja só uma pessoa legal, com medo do trânsito, tentando se proteger da violência das ruas.

Todos nós – ciclistas, pedestres, motoqueiros, motoristas, usuários de transporte público – somos Homo sapiens, uma espécie social, dotada de uma imensa capacidade de comunicação. Milênios e milênios de evolução deram a nós todos um poder fantástico de se fazer entender, de criar empatia, de se colocar no lugar do outro. Nas nossas vidas, a maioria de nós, na maior parte do tempo, é gentil, tranquila – falamos baixo uns com os outros, olhamos nos olhos e conversamos.

Mas, no trânsito (assim como na internet), a comunicação se dá aos berros raivosos. Ignoramos os outros, xingamos, erguemos o dedo do meio. Se andamos de carro, nos achamos no direito de acusar todos os ciclistas de serem folgados sem respeito pelo trânsito. Se estamos sobre a bicicleta, ignoramos os pedestres e desafiamos os carros. Se andamos a pé, gritamos com o motorista que passa, como se eles fossem todos assassinos cruéis.

Em parte, é um problema de escala. Os carros de hoje são grandes demais, rápidos demais, seus vidros são escuros demais. Tudo isso evita o contato visual. Evita que possamos olhar nos olhos uns dos outros e reconhecer no outro a nossa própria humanidade. Sem isso, nosso sofisticadíssimo sistema de comunicação simplesmente não funciona – e aí só quem grita é ouvido.

Algumas cidades da Alemanha e da Holanda estão acabando com toda e qualquer sinalização de trânsito – não há mais semáforos, nem placas, nem mesmo aquele degrau que separa a calçada da rua. Tudo é de todos. Quem está de carro tem que seguir devagar, olhando nos olhos dos outros, para negociar a passagem. Seria bom se as ruas da minha cidade fossem assim – um espaço de encontro entre seres humanos, em vez de um campo de batalha.

Falta muito para isso, mas me prometi que, a partir de agora, vou andar pela rua atento. Quando estiver a pé, procurarei o olhar dos motoristas e conversarei com eles, sem gritar. Quando estiver de bicicleta, prestarei atenção em quem estiver à minha volta, pronto para conversar. Quando estiver de carro, procurarei deixar a janela aberta – e os ouvidos também. Não somos inimigos uns dos outros. E não seremos uma sociedade civilizada enquanto não formos capazes nem sequer de reconhecer a humanidade de quem escolhe um meio de transporte diferente do nosso.
  

terça-feira, 2 de abril de 2013

10ª reunião no Ministério Público


Aconteceu, na manhã de hoje (02), no auditório do Ministério Público Estadual – MPE, a décima reunião para tratar da implantação de infraestrutura cicloviária na cidade de Maceió. Em virtude do grande número de acidentes envolvendo ciclistas e da gestão municipal ter sido renovada neste ano de 2013, o promotor Max Martins decidiu retomar as discussões que vinham acontecendo desde 2011.


Antes de iniciar a reunião, o Sr. Gildo Santana pediu um minuto de silêncio em homenagem às últimas vítimas da violência no trânsito de Maceió. Em seguida, o promotor deu início à reunião apresentando como seria sua sistemática, ouvindo primeiramente os usuários de bicicleta e representantes de associações e sindicatos para, posteriormente, saber o posicionamento do poder público municipal sobre o que se pode fazer, objetivamente, em curto, médio e longo prazo.


O promotor prosseguiu apresentando pontos da Lei Federal 12.587/12, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana, enfatizando o Art. 24 § 4º, que determina a data de 03/01/2015 como limite para que os municípios elaborem seus Planos de Mobilidade Urbana, ficando impedidos de receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade urbana até que atendam a essa exigência. Em seguida, o promotor apresentou um resumo do Procedimento Administrativo 102/11 instaurado naquele órgão em 08/06/2011.


Gildo Santana fez uso da palavra e apresentou questões referentes ao orçamento municipal. Segundo Gildo, apesar de haver rubrica destinada às ciclovias, “as coisas não se viabilizavam por falta de vontade política”, mas acredita que “essa nova gestão pensa diferente, principalmente por ter agora, no quadro da Prefeitura, uma pessoa que vivencia a problemática da bicicleta em Maceió: a arquiteta e urbanista Fernanda Cortez.

O Sr. Antônio Facchinetti, representante da Associação Alagoana de Ciclismo - AAC entregou ao promotor um documento contendo levantamento da situação das ciclovias e calçadas de Maceió. Em seguida, apresentou aos demais presentes um resumo do documento que foi entregue. O promotor disse que Maceió precisa acabar com esse paradigma de viver sempre a reboque de tudo que é realizado em outras cidades e precisa passar a ser modelo de vanguarda.

Em seguida, foi concedida a palavra ao Sr. Geminiano Jurema, representante do Sindicato da Indústria da Construção Civil - Sinduscon, que falou da preocupação do sindicato com relação aos acidentes envolvendo ciclistas.


A Sra. Angela Cheloni falou sobre o acidente que sofreu recentemente, fechada por um motorista de ônibus que demonstrou bastante hostilidade mesmo depois de quase tirar-lhe a vida. Angela disse que é ciclista há dois anos e tem percebido que os motoristas de ônibus, vans e táxi são muito hostis com ciclistas. Angela entregou ao promotor sugestões de adesivos que poderiam ser fixados no vidro traseiro de ônibus e táxis como forma de orientar motoristas sobre os benefícios da bicicleta para o trânsito e sobre a necessidade de respeitar o espaço da mesma. O Sr. Facchinetti disse que, anualmente, SMTT e DETRAN realizam palestras nas empresas de ônibus. Angela disse que tal ação não pode ser esporádica, mas contínua. Angela sugeriu que representantes das empresas de ônibus sejam envolvidos nessas discussões e convidados para as próximas reuniões.


O promotor disse que acredita ser viável a fixação dos adesivos nos ônibus. Disse também que pretende convocar os planos de saúde privada para as próximas reuniões, com o intuito de realizar parceria para mostrar a bicicleta como uma mudança de estilo de vida em benefício da saúde do usuário do plano de saúde.

O Sr. Átila Vieira, representante da vereadora Heloísa Helena, fez uso da palavra e disse que as emendas feitas pelos vereadores ao orçamento municipal de 2012, referentes à mobilidade por bicicleta, não foram aplicadas pelo poder executivo municipal. Segundo ele, quando se diz que “o orçamento é uma peça técnica”, é apenas para afastar a população do debate. Para ele, o orçamento é uma peça política e, quando constata-se que os valores garantidos em emendas não foram utilizados, é porque houve algum interesse que aquele recurso não fosse aplicado. Concluiu dizendo que a população precisa se mobilizar para poder melhor acompanhar a aplicação dos recursos públicos.


O arquiteto e urbanista Renan Silva fez uso da palavra dizendo que “a utilização de recursos públicos no trânsito não é gasto, é investimento”. Renan mostrou que cerca de 1.000 ciclistas deram entrada no Hospital Geral do Estado – HGE, vítimas de ocorrências no trânsito. Segundo Renan, se levarmos em consideração que o custo médio de internação de uma pessoa gira em torno de R$ 4 mil, concluímos que são gastos R$ 4 milhões por ano apenas com custos hospitalares. Ainda segundo Renan, se incluirmos os acidentes de trânsito com todos os modais (não apenas com a bicicleta), os gastos com saúde pública chegam a R$ 260 milhões, que é mais do que se investe em segurança pública em Alagoas, por exemplo. Ainda segundo Renan, o espaço das vias é limitado e é preciso fazer um uso mais eficiente, com o transporte coletivo e a bicicleta, por exemplo. Segundo Renan, com a quantidade de automóveis que são licenciados em Maceió anualmente, seria necessário criar, todos os anos, 6 km de vias, com 10 m de largura, apenas para conseguir manter a situação caótica de hoje.


Após as manifestações da população, o promotor convidou para compor a mesa os representantes do poder público municipal. Andreia Estevam, secretária adjunto da Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento – SEMPLA falou sobre o Plano de Mobilidade dos Não Motorizados, que vem sendo desenvolvido pelo órgão desde junho de 2008 e sobre o Plano de Mobilidade Urbana de Maceió. Para este segundo, ela informou que será contratada uma empresa para fazer a pesquisa de origem/destino – pesquisa OD e que o plano deve estar concluído até fevereiro de 2014. Segundo Andreia, a arquiteta e urbanista Fernanda Cortez está trabalhando nos termos de referência, tanto para o Plano de Mobilidade dos Não Motorizados como para o Plano de Mobilidade Urbana do município de Maceió.

Fernanda Cortez, coordenadora geral de mobilidade urbana da Sempla, fez uso da palavra e explanou sobre o Plano de Mobilidade dos Não Motorizados e sobre o Projeto de Lei do Sistema Cicloviário de Maceió. Fernanda disse que, além dessas iniciativas de longo prazo, pretende trabalhar junto à SMTT e SEMINFRA (que são os órgãos que executam as obras) para conseguir resultados de curto prazo, como nas obras que estão em andamento, como a Ecovia Norte e a Avenida Josefa Mello (continuação da Av. Márcio Canuto).

Angela Cheloni argumentou que, na empresa da qual é proprietária, perdeu cinco funcionários porque a Prefeitura desativou as linhas do “Corujão”. Segundo ela, à época, quando questionou o MPE, o mesmo disse que a questão não era de interesse coletivo e que Angela deveria tratar diretamente com as empresas de ônibus. Angela mostrou-se indignada por seus funcionários ficarem sem opção pois, se vão de bicicleta, são atropelados e, se vão de ônibus, a Prefeitura desativa as linhas. Angela Cheloni disse que se angustia porque, enquanto a Prefeitura está elaborando planos e assinando documentos, os ciclistas continuarão morrendo.

Thales Ronnan, representante da SMTT, disse que o corpo técnico do órgão se mantém firme, mesmo que gestores com visão atrasada passem pelo órgão. Segundo ele, o foco da SMTT é na educação, tentando tocar no sentimento do cidadão, não enfatizando apenas a necessidade de cumprir a legislação.


Alexandre Casado disse entender as dificuldades do corpo técnico da SMTT, mas que ações simples, como a instalação de placas de trânsito, estão sendo motivo de piada entre os ciclistas. Alexandre informou que foram instaladas placas A-30b (Passagem sinalizada de ciclistas) em vias como a Av. Fernandes Lima e Av. Gustavo Paiva, onde deveriam ter sido instaladas as placas A-30a (Trânsito de ciclistas), conforme solicitado pelos ciclistas na 7ª reunião realizada no MPE. Ainda segundo Alexandre, as dimensões das placas estão incorretas para uma via arterial, pois como a velocidade dos veículos é maior nessas avenidas, as placas precisam ter dimensões maiores para serem avistadas com antecedência.


Alexandre narrou um fato que presenciou nesta semana, quando cerca de 5 agentes da SMTT se reuniam próximo à Praça Centenário apenas observando o trânsito congestionado de automóveis, enquanto a poucos metros dali, o condomínio do edifício Benedito Bentes realizava manutenção de sua calçada e os pedestres eram obrigados a desviar pelo leito carroçável, correndo risco de atropelamento, sem qualquer intervenção da SMTT para amenizar os riscos de acidente. Para Alexandre, é compreensível que agentes da Polícia Rodoviária Estadual – PRF tenham foco voltado para os veículos, pois a lida com pedestres é mínima nas rodovias. Contudo, os agentes da SMTT, que vivenciam o trânsito urbano, precisam ter uma atenção mais voltada para pedestres e ciclistas, que são as partes mais frágeis do trânsito.

Angela Cheloni lamentou a ausência do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil nesta reunião pois, segundo ela, os trabalhadores da construção civil é que estão morrendo. Como não são orientados sobre as regras de trânsito, muitas vezes andam na contramão, carregando filho e mulher e sem qualquer sinalização na bicicleta.

Segundo Renan Silva, em 2011, empresas de ônibus gastaram mais de R$ 1,5 milhão apenas com indenizações a terceiros envolvidos em acidentes de trânsito. Renan se mostrou satisfeito em saber que está sendo feita pesquisa OD para o Plano de Mobilidade Urbana de Maceió. Para Renan, ao planejar o transporte coletivo de Maceió, não pode pensar apenas em ônibus, mas deve-se também levar em consideração o sistema sobre trilhos existente, bem como sua possível expansão para a Av. Fernandes Lima.


O Sr. Celso Padilha fez uso da palavra criticando a política brasileira que, segundo ele, é feita como “negócio”. Para ele, onde há negócios, não há humanidade, mas apenas interesses privados. Para Celso, o político brasileiro, de maneira geral, é cínico, hipócrita e não da a mínima para a população. Segundo Celso, a política brasileira funciona pela astúcia e pela malandragem, buscando atender a interesses privados. Celso falou das mortes e das famílias destruídas pelo descaso do poder público. Celso disse que há 20 anos que ele se desloca de bicicleta em Maceió e não vê nada de novo, não vê mudança para melhor.

Juliana Alves, representante da SEMINFRA, iniciou sua fala justificando a ausência do secretário da pasta que, segundo ela, estava em outra reunião. Juliana informou que, nessa nova gestão, não encontraram no órgão nenhum documento que tratasse dessas reuniões que vêm ocorrendo no MPE. Informou também que novos projetos que estão sendo executados pela SEMINFRA já contemplam a construção de ciclovia. Juliana disse que gostaria da participação mais efetiva da Associação Alagoana de Ciclismo – AAC no acompanhamento dos projetos a serem executados de modo a evitar falhas.

Angela Cheloni sugeriu que a Prefeitura convoque a população para opinar sobre os projetos antes de sua execução. Fernanda Cortez disse que será marcada uma reunião na SEMPLA para discutir as obras que já estão em andamento, mas que, em obras futuras, pretende ter um canal de diálogo mais direto com a população. Angela também expôs o fato de que motocicletas costumam trafegar pela ciclovia da orla marítima. Segundo ela, cobrou de um guarda municipal alguma atitude e não obteve êxito. Thales Ronnan, representante da SMTT, disse que “os guardas precisam preservar a própria vida”. Celso Padilha indagou: “De quem é a responsabilidade então?” Ronnan afirmou ser do poder público.

Finalizando a audiência, o promotor disse que pretende transformar o Procedimento Administrativo em Inquérito Civil e que publicará no Diário Oficial ainda nesta semana. Transformando o PA em IC, há três destinações que o mesmo pode tomar: a) ser arquivado (necessitando de justificativa para tal); b) ser assinado um Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, comprometendo-se o poder público municipal a cumprir aquilo que for acordado no TAC; ou c) ajuizamento de Ação Judicial, caso o poder público municipal se negue a assinar o TAC.

O Sr. Geminiano Jurema, representante do Sinduscon, questionou a transformação do PA em IC em curto espaço de tempo, por algo que já vem de gestões passadas. O promotor informou sobre o Princípio da Continuidade no Serviço Público em que, ao se candidatar ao cargo de prefeito, o cidadão deve ter conhecimento de que assumirá o ônus de tudo que diz respeito ao poder público municipal. Segundo o promotor, o Inquérito Civil conferirá poder requisitório ao MPE para colher provas para instruir eventual Ação Judicial.

Angela Cheloni concluiu pedindo urgência nas avenidas Fernandes Lima, Menino Marcelo e Siqueira Campos, apontadas por absorverem grande fluxo diário de ciclistas. Segundo ela, sempre que morre um usuário de bicicleta, é feito um protesto; morre outro e é feito outro protesto. Para ela, os protestos já estão ficando inócuos.

Para ver a ata desta reunião, clique aqui.
 
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Ficou marcada uma nova audiência, na Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento (Sempla), no dia 16/04/2013, às 9 h. A audiência será para discutir as obras que estão em andamento, apresentar o Plano de Mobilidade dos Não Motorizados e o Projeto de Lei do Sistema Cicloviário de Maceió, bem como para receber sugestões e contribuições dos usuários de bicicleta para essas obras e documentos.

A Sempla fica na rua 7 de setembro, nº 26, Centro, por trás do Espaço Cultural da Praça Sinimbu.

  
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Leia também:

- Audiência discute instalação e manutenção de ciclovias em Maceió, em TV Gazeta.

- Os ciclistas de Maceió enfrentam riscos diários, em TV Pajuçara.

- MPE discute sistema cicloviário e plano de mobilidade urbana de Maceió, em Ascom MPE

- Maceió tem 20 vezes menos ciclovias do que o ideal, segundo levantamento, em Gazetaweb

- Heloísa Helena apresenta emendas pró-ciclovias, em Repórter Alagoas


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Veja um resumo das reuniões anteriores:

- 9ª reunião, 12/06/2012, no Ministério Público Estadual

- 8ª reunião, 06/09/2011, no Ministério Público Estadual

- 7ª reunião, 29/08/2011, no Ministério Público Estadual

- 6ª reunião, 18/08/2011, no DNIT

- 5ª reunião, 12/08/2011, no Ministério Público Estadual

- 4ª reunião, 01/08/2011, na SMTT

- 3ª reunião, 25/07/2011, no Ministério Público Estadual

- 2ª reunião, 13/07/2011, no Ministério Público Estadual

- 1ª reunião, 08/06/2011, no Ministério Público Estadual