Have an account?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Relato da Participação da Bicicletada de Maceió na Bicicletada de Recife

por Alisson Tenório - 08/12/2014

Neste post tentarei relatar a experiência do dia 28 de novembro, aonde eu e mais dois integrantes da Bicicletada de Maceió tivemos o prazer de participar e trocar experiências na Bicicletada de Recife.

Meu passeio começou no caminho de encontro a Bicicletada. Este percurso foi marcado por uma forte chuva na travessia de toda a Avenida Caxangá até o ponto de encontro na Praça do Derby, uma região mais central de Recife. A Avenida Caxangá possui um porte similar ao da Avenida Fernandes Lima em Maceió, porém possui uma faixa exclusiva para BRT - sem essa de entrar táxi ou outro veículo. O sistema ainda não é integrado, por isso nas outras faixas ainda circulam ônibus de linha comum. Como a Avenida Caxangá não possui ciclovia ou ciclofaixa utilizei a faixa do BRT para trafegar, porém como o BRT é muito silencioso, não conseguia escutá-lo com facilidade se aproximando, o que era muito perigoso. Achei menos arriscado pedalar junto com os outros veículos, foi uma luta contra outros carros e ônibus fechando ou não dando espaço, nada de muito diferente de Maceió que não estivesse já acostumado.

Ponto de encontro, Praça do Derby
Cheguei ao ponto de encontro mais ou menos 40 minutos depois do horário inicial de concentração, a chuva deu uma trégua nessa hora. Na praça também me encontrei com os outros dois integrantes da Bicicletada de Maceió que também viajaram para Recife: Moacir Pedrosa e Bruno de Lucas. Ficamos conversando e trocando ideias com outros integrantes da Bicicletada de Recife até o momento da partida aonde, mesmo com a chuva ameaçando voltar, cerca de 30 pessoas participaram do passeio.

Algo que chamou muito a minha atenção foram os "gritos de guerra" da Bicicletada de Recife, algo que não acontece em Maceió. Gritos como "mais amor, menos motor", "mais adrenalina, menos gasolina" animavam a noite e ajudavam a criar um clima crítico tanto para os integrantes da Bicicletada quanto para as pessoas na rua que viam o movimento. 


Em uma parte do passeio, logo após um integrante de skate se juntar a nós, os integrantes decidiram pedalar por uma ponte com um fluxo muito forte. Eles logo explicaram que a ponte foi feita apenas para beneficiar um shopping e que ela foi construída em área de mangue, o que era proibido. Além disso a via foi construída sem ciclovias, mesmo sendo necessária considerando o fluxo da mesma. Outro detalhe foi que para amenizar o impacto negativo da via, a prefeitura junto com o shopping construíram uma espécie de praça na metade do caminho, mesmo sendo inviável o uso da praça, pois era muito difícil se deslocar para lá. Nesse momento os integrantes protestaram ironicamente tirando uma foto dizendo que estavam aproveitando a praça.


Daniel Valença, Moacir e eu

O passeio continuou em direção a orla de Boa Viagem para uma merecida parada para se hidratar com uma água de coco. Aproveitamos para trocar experiência com o pessoal do Bike Anjo Recife, que foram muito solícitos conosco durante todo o fim de semana. Continuamos e passamos pelo emblemático Cais Estelita, famoso pelos acontecimentos do movimento Ocupe Estelita, também tivemos o prazer de margear um rio com vista do Recife Antigo. A essa altura grande parte do grupo já havia dispersado para suas casas ou para algum happy hour. Bruno voltou para Boa Viagem para sua hospedagem e eu e Moacir seguimos para o Derby para as nossas. Daniel Valença, coordenador geral da AMEciclo, auxiliou nos guiando até a praça do Derby e pudemos trocar mais experiências no caminho. Por fim fiz integração de modal no BRT com minha bicicleta dobrável e voltei para casa.

Voltando com a dobrável no BRT

Acredito que esta tenha sido uma experiência muito rica e só tenho a agradecer toda a galera de Recife que deram seus relatos, sua ajuda e força de luta. Certamente surpreendente.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Audiência Pública sobre a LOA 2015

   
Aconteceu, na manhã de hoje (28), na Câmara Municipal de Maceió, uma Audiência Pública para tratar da Lei Orçamentária Anual – LOA 2015, no que se refere à Mobilidade Urbana. A audiência foi proposta pela vereadora Heloísa Helena (PSOL), com o intuito de ouvir as sugestões da população para emendas à LOA 2015. Além dela, dentre os 21 vereadores, apenas o presidente da Câmara, vereador Chico Filho (PP), esteve presente à sessão.


Para representar o Poder Executivo Municipal, foram convidados os secretários de planejamento (Sempla), de infraestrutura (Seminfra) e de transporte e trânsito (SMTT). Apenas o secretário de planejamento, Sr. Manoel Messias Costa, compareceu. Os secretários de infraestrutura e de transporte e trânsito foram representados por Abelardo Melo e Roberto Barreiros, respectivamente.

A audiência estava marcada para iniciar às 9 h, mas só começou às 10h15. Depois de uma longa e enfadonha fala da mesa, por volta das 11h30, foi facultada a palavra para a manifestação da população.
          
  
Daniel Moura, participante da Bicicletada de Maceió, foi o primeiro a falar. Daniel contestou a fala do secretário de planejamento, que disse que “Maceió precisa voltar a realizar planejamento, pois o último plano de transporte realizado na cidade data de 1982”. Segundo Daniel, “em todas as ações e obras pontuais realizadas pela Prefeitura, há planejamento. O que não há é a participação da população no planejamento, que é feito dentro dos gabinetes”.

Daniel listou diversos assuntos que carecem de debate com a população (quem paga por tudo que é realizado na cidade) e que, segundo ele, são discutidos dentro dos gabinetes, para beneficiar as empresas que financiam as campanhas eleitorais e/ou que mantêm estreitos laços com os grupos políticos que estão no poder. Dentre os assuntos listados por Daniel, estão:

1) Necessidade de regularização de passeios e calçadas
2) Debate sobre a Tarifa Zero
3) Pesquisa origem / destino (Maceió / Satuba / Rio Largo)
4) Licitação do transporte coletivo
5) Plano de Mobilidade Urbana
6) Obras previstas para Maceió
7) Urbanização do Vale do Reginaldo
8) Expansão horizontal da cidade
10) Condições de circulação das bicicletas em Maceió

Depois de expostos esses dez pontos, Daniel apresentou o cálculo que fizemos para a audiência pública onde o Poder Executivo Municipal pretendia discutir a LOA 2015, em 05/08/2014. Nós mostramos, nesses cálculos, que a Prefeitura precisa de cerca de R$ 100 milhões para que Maceió alcance o patamar de cidades europeias que já são conhecidas por terem uma boa infraestrutura para a utilização da bicicleta como meio de transporte, como Amsterdã, Berlim ou Copenhague, por exemplo.

Clique aqui para baixar a apresentação completa.

Pela meta que a atual gestão municipal de São Paulo estabeleceu, de construir 400 km de ciclovias até o final da gestão do atual prefeito, caso as próximas gestões acompanhem esse ritmo, São Paulo alcançaria o patamar de cidades europeias entre os anos de 2023 e 2036. Contudo, pelos míseros R$ 2 milhões que a Prefeitura de Maceió destinou à construção de ciclovias, caso as futuras gestões mantenham esse ritmo, a cidade só alcançaria o patamar de cidades europeias entre os anos de 2076 e 2184.
 
Clique aqui para baixar a apresentação completa.

Daniel mostrou que há duas grandes obras destinadas a favorecer empresas financiadoras de campanhas eleitorais e/ou que têm estreitos laços com os grupos políticos que se mantêm no poder. São elas:

1) Urbanização de Cruz das Almas e Jacarecica

Por já encontrar certa saturação dos terrenos disponíveis nos bairros de Ponta Verde e Jatiúca, o setor do mercado imobiliário que busca incorporar terrenos para construir edifícios residenciais de apartamentos de luxo vê os bairros de Cruz das Almas e Jacarecica como um vetor de expansão dos seus negócios. Para honrar os compromissos de campanha, a Prefeitura de Maceió pretende urbanizar a orla marítima desses bairros, ou seja, preparar o terreno, para que os edifícios possam ser construídos.
     
    
A obra já iniciou e, segundo a placa fixada no local, foram destinados R$ 28 milhões, provenientes do Ministério do Turismo. Ao todo, segundo o PPA 2014-2017, serão gastos R$ 68 milhões de recursos públicos para benefício privado das construtoras, incorporadoras e imobiliárias.

2) Construção de viaduto no bairro do Bom Parto

Já se tem conhecimento, no meio científico (e mesmo empírico), que viadutos não melhoram a Mobilidade Urbana, pelo contrário, pioram. Como a frota de automóveis aumenta num ritmo maior que o da população, torna-se impossível dar “fluidez” ao trânsito (de carros) apenas com uma rotatória, com sinalização vertical ou com semáforo. Logo, a solução apresentada pelas empreiteiras financiadoras de campanha é a da construção de uma obra rodoviária dentro da cidade: o viaduto.


O que o viaduto faz é nada mais do que transferir o congestionamento de um ponto para outro mais adiante. Com o passar dos anos e o contínuo aumento da frota de automóveis, o engarrafamento estará no próprio viaduto, como pode-se ver na imagem abaixo, que mostra viadutos construídos há pouco mais ou pouco menos de uma década em Maceió e que já apresentam saturação em horários de pico.


Contudo, o senso comum ainda acredita que viadutos são a solução para a mobilidade e aplaudem o gestor que os constrói. Com isso, a gestão municipal consegue aprovação popular e, ao mesmo tempo, honra com os compromissos feitos, no período eleitoral, com as empresas que financiam a campanha.

Com os recursos que serão aplicados nessas duas obras (cerca de R$ 100 milhões), seria possível transformar Maceió numa cidade satisfatória ao uso da bicicleta em apenas quatro anos (2014-2017). Contudo, a opção política que a atual gestão municipal fez foi de repetir o modus operandi das gestões anteriores.

O secretário de planejamento, Manoel Messias, disse que “não é verdade que o poder público atual está fazendo um planejamento focado em atender o mercado imobiliário”. Messias também se ateve em explicar que os recursos próprios do município de Maceió são insuficientes para a realização de qualquer intervenção na cidade.
 
Imagem extraída do PPA 2010-2013

Sabemos disso. O que o orçamento faz não é a previsão da RECEITA, mas das DESPESAS. O município aponta quanto e onde vai gastar aquilo que ele PREVÊ arrecadar. E o questionamento que Daniel fez foi justamente esse: se o município prevê R$ 27 milhões para serem gastos num viaduto e R$ 68 milhões para serem gastos na urbanização de Cruz das Almas/Jacarecica, ele poderia usar esse dinheiro (quase R$ 100 milhões) para construir ciclovias.

A Prefeitura PODERIA ter buscado recursos no Governo Federal para construir ciclovias, mas essa não é a prioridade dessa gestão, como não foi das gestões anteriores. A Prefeitura poderia ter solicitado ao Governo Federal R$ 100 milhões para construir ciclovias, não ter solicitado nada para o viaduto e nada para a urbanização de Cruz das Almas/Jacarecica. Mas não fez. Fez justamente o oposto. E é isso que mostra a serviço de quem a Prefeitura está. Quem vai se beneficiar com a urbanização de Cruz das Almas e Jacarecica? Quem vai se beneficiar com a construção do viaduto no Bom Parto? Quem iria se beneficiar com a construção de ciclovias em toda a cidade?

Daniel concluiu dizendo estar cansado de participar de audiências públicas que sempre são concluídas sem uma proposta de encaminhamento concreta.
 

 
Também expuseram suas sugestões e indignações: Gildo Santana (grupo Ciclistas Corredores), Renan Silva (Instituto para o Desenvolvimento de Alagoas), Antônio Facchinetti (Associação Alagoana de Ciclismo), Ana Rísia Camêlo (estudante da Ufal) e Eliane Silva (Movimento Nacional de Luta pela Moradia). Dentre os temas debatidos, Renan trouxe dados dos custos dos acidentes de trânsito na cidade de Maceió que, segundo ele, chegam a R$ 40 milhões por ano. Ainda segundo Renan, “se incluirmos as quedas em calçadas, devido às suas péssimas condições, essa cifra chega a R$ 61 milhões por ano”.

Também foi falado sobre os benefícios que a Faixa Azul (faixa seletiva para ônibus) trouxe para a Avenida Fernandes Lima. Para se ter uma ideia, a Prefeitura de Maceió gastou apenas R$ 400 mil e teve um impacto extremamente positivo com esse corredor para ônibus, que poderia ser expandido para outras regiões da cidade. Apesar do impacto positivo que a Faixa Azul trouxe para os usuários de ônibus, os usuários de bicicleta foram ignorados, correndo risco de morte todos os dias, ao terem que compartilhar a faixa com os ônibus, sem que a Prefeitura apresente uma solução segura para o uso da bicicleta, como prometeu em novembro de 2013.
  

  
Os representantes da Seminfra e da SMTT também deram “satisfações” vagas aos temas apresentados e, por volta das 13h30, a audiência foi encerrada sem qualquer encaminhamento, promessa ou meta estabelecida.

A vereadora Heloísa Helena disse que colocará R$ 10 milhões de reais em emendas para a construção de ciclovias e cobrou do Poder Executivo Municipal alguma solução enquanto não é construído o VLT da Avenida Fernandes Lima. Segundo ela, os usuários de bicicleta não podem esperar até que o VLT seja construído, pois eles estão se acidentando e morrendo e "não há nada mais importante que a vida humana".

_______________________________________________

Atualização em 05/12/2014:

Clique aqui para ler a edição completa.
 
Foi publicado, no jornal Cada Minuto Press de hoje, além de um resumo do que foi debatido na audiência (páginas 11 e 12), uma entrevista com o secretário de planejamento, Manoel Messias (páginas 3 e 4), onde ele expõe as dificuldades para implantação de grandes obras na cidade, como o VLT, que deve custar R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos. Tais dificuldades só reforçam a necessidade de começarmos a agir com pequenas ações que demandam poucos recursos e trazem grandes resultados, como a construção de ciclovias, a implantação de faixas exclusivas para ônibus e a própria reorganização e integração das linhas de ônibus, que atualmente seguem uma lógica irracional para o usuário, funcionando baseadas na lógica do maior lucro das empresas que operam o serviço.
   

Clique aqui para ler a edição completa.
   
Também foi publicada, no jornal Extra de hoje, matéria do jornalista Odilon Rios que mostra os cortes de gastos que serão feitos pela gestão Rui Palmeira, em razão da redução das transferências do Fundo de Participação dos Municípios – FPM.

_______________________________________________


Veja também:

- Câmara Municipal de Maceió discute sobre mobilidade urbana
     
- Mobilidade é tema de audiência pública na Câmara de Maceió
        
    
- Obras de mobilidade urbana devem iniciar no final de 2015
   
- Ciclistas cobram políticas públicas alternativas para a mobilidade urbana
    
- Quem financiou a campanha de Rui Palmeira em Maceió
   
- Apenas 11 km de ciclovias em 4 anos
   
- O espraiamento de Maceió
   
- Ufal debate Mobilidade Urbana
   
- 10ª reunião no Ministério Público
   
- Ideias equivocadas
    
- A Cidade das Curtas Viagens
   
- Os Planos e as obras
   
    

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Incentivos e subsídios a carros somam quase o dobro do investido em transporte coletivo em 2013

Aperto. Multidão lota vagão da Linha 2 do metrô, que vai da Pavuna a Botafogo - Agência O Globo / Márcia Foletto

Em 2013, a redução do IPI para automóveis e o subsídio da gasolina somaram R$ 19,38 bilhões.
 
por Cássia Almeida / Henrique Gomes Batista / Danilo Fariello
02/11/2014 6:00 / Atualizado 02/11/2014 10:38

RIO E BRASÍLIA - O Brasil escolheu o carro. Governo após governo dedica parte de sua arrecadação para beneficiar essa indústria. A crise de 2008 provocou uma nova onda de incentivos. Somente no ano passado, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e o subsídio da gasolina, uma espécie de “bolsa carro”, somaram R$ 19,38 bilhões. O valor é quase o dobro do montante destinado a melhorar o transporte público nas cidades: R$ 10,2 bilhões em 2013. Enquanto isso, a população se espreme em metrôs, trens e ônibus superlotados. Em série de reportagens multimídia que começa a ser publicada hoje, O GLOBO percorre as maiores metrópoles do país para ver como anda a mobilidade urbana para milhões de brasileiros e mostra as consequências da opção por um Brasil motorizado e individualista.

São 47 milhões de automóveis e 19 milhões de motos nas vias brasileiras, frota 175% maior que em 1998. Nesse período, a população brasileira cresceu 28,5%. A cada ano, 3,7 milhões de carros novos invadem as ruas do país. Cálculos do economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho mostram que a capacidade de produção da indústria triplicou nos últimos 20 anos. Os incentivos ao carro em 2013 foram maiores que os R$ 14,38 bilhões previstos para obras da Copa do Mundo e são equivalentes a dez meses do Bolsa Família.

PARA O GOVERNO, IMPACTO É POSITIVO

A Copa do Mundo e as Olimpíadas ajudaram a diminuir um pouco esse desequilíbrio. Facilitar o ir e vir das pessoas nos grandes eventos passou a ter prioridade. E as manifestações de junho de 2013 deixaram claro que o transporte público caro e ruim é capaz de mobilizar a população a não só pedir preço de passagem menor como exigir serviços públicos de qualidade. Não era só por R$ 0,20, como diziam as faixas de protesto. O assunto foi um dos pontos centrais no debate eleitoral.

— Toda obra de mobilidade urbana que se faz já vai nascer cheia. O esgotamento é tamanho que vai ter demanda sempre — afirma Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral.

Desde 2009, os incentivos ao carro somaram R$ 56,4 bilhões — mais de dois anos de Bolsa Família. Neste cálculo estão as reduções do IPI, segundo a Receita Federal. Há também a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tributo que incide sobre os combustíveis, e a diferença entre o valor da gasolina no país e a cotação mundial, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura. Enquanto isso, em mobilidade urbana foram investidos R$ 32,6 bilhões no mesmo período, segundo estudo inédito do economista Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria Internacional, que falará sobre o tema em seminário na próxima sexta-feira na FGV.

E a pressão da indústria automobilística por baixar ainda mais o IPI este ano e pela manutenção em 2015 do benefício, previsto para terminar em 31 de dezembro, começou na semana passada, no lançamento do Salão do Automóvel. As montadoras alegam que estão com os pátios cheios, mas bateram seguidos recordes de vendas de 2003 a 2012.

No BNDES, a indústria automotiva também foi privilegiada. De 2008 a 2013, os desembolsos para o setor foram de R$ 32 bilhões, enquanto os projetos de mobilidade urbana levaram R$ 9 bilhões. Segundo o banco, dois fatores explicam isso: obras de tempo maior com o dinheiro liberado aos poucos e dificuldade dos estados de estar em condições de contrair os empréstimos.

— Já nos anos 1990 houve a redução na carga tributária para o carro popular com mil cilindradas. A tributação no Brasil é mais baixa que a da Europa e próxima à dos Estados Unidos, o país do automóvel. Também houve aumento de crédito, que era uma das barreiras para a população de classes mais baixas comprar carro — diz Carvalho, do Ipea.

O economista não critica o acesso mais fácil ao veículo. A proporção carro por habitante no Brasil ainda é baixa, dois têm carro a cada dez habitantes. Na Alemanha, essa relação é de seis para dez. O problema é a falta de infraestrutura e de transporte coletivo decente para ser uma alternativa ao carro.

Técnicos do governo justificam os incentivos ao carro pelo impacto positivo da expansão da indústria na economia, além dos empregos. O setor responde por 25% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) industrial.

— Somos dependentes da indústria automobilística há mais de 40 anos. Está na hora de mudar e partir para a indústria de bens coletivos — diz Frischtak.

Mas fontes do governo reconhecem que a indústria tenta protelar investimentos. Houve pressão para prorrogar a exigência de airbag e freio ABS em todos os veículos no fim de 2013. As montadoras ameaçaram demitir se a exigência fosse mantida. O governo chegou a considerar o adiamento, mas a presidente Dilma Rousseff não cedeu, o que levou ao fim da fabricação da Kombi e a quase nenhuma demissão naquele momento.

Para o Ministério das Cidades, não há contradição: “A política de desoneração do IPI é uma medida econômica que mantém o mercado aquecido e gera empregos, o que pode caminhar junto com as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana”. Segundo o ministério, os recursos federais comprometidos para a área de mobilidade urbana, com Orçamento e BNDES, somam cerca de R$ 30 bilhões por ano desde 2012. Até o início da Copa, segundo o Ministério do Planejamento, dos 35 empreendimentos de mobilidade urbana previstos no orçamento de R$ 7 bilhões, nove foram concluídos (R$ 737,5 milhões) e 11 entraram em operação parcial (R$ 3,5 bilhões). Os demais migraram para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

INVESTIMENTOS NEM SEMPRE SÃO ADEQUADOS

Dos R$ 50 bilhões do Pacto da Mobilidade Urbana, lançado pelo governo federal em junho de 2013, durante as manifestações, foram selecionados mais de cem projetos, no valor de R$ 44 bilhões. O governo não informa quanto foi gasto até agora.

Marcos Bicalho dos Santos, diretor da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), diz que os pacotes do governo prometem R$ 143 bilhões à mobilidade urbana, mas até agora foram investidos algo entre 10% e 15%:

— Precisamos de R$ 400 bilhões em dez anos para atender à demanda. O abandono foi grande.

E os investimentos nem sempre são os mais adequados. Constroem BRTs, linhas rápidas de ônibus, enquanto a demanda exige trem ou metrô.

— Nos últimos anos vimos o movimento dos passageiros em transporte sobre trilhos crescer 10% ao ano, embora a malha cresça apenas 3% ao ano. Isso explica parte da superlotação — explica Joubert Flores, presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos e diretor de Engenharia do Metrô Rio, afirmando que os governos precisam investir para ampliar a capacidade, diminuir intervalos e expandir a malha.

Enquanto espera mais projetos saírem do papel, Ana Beatriz de Azevedo acorda às 5h para chegar às 8h ao escritório no Centro do Rio. Moradora de Belford Roxo, pega um ônibus para chegar ao metrô da Pavuna, última parada da Linha 2. Veio para o Rio atraída pelo salário. Pela mesma função que exercia em Nilópolis, ganha R$ 600 a mais no Rio.

— Agora tenho que acordar às 5h para chegar ao Centro perto de 8h. Antes acordava às 7h.

Fonte: O Globo
  
  

terça-feira, 30 de setembro de 2014

10ª reunião da perda de tempo


Estava marcada para as 13h de hoje (30), no auditório da SMTT, a 10ª reunião do Conselho Municipal de Transporte. Chegamos por volta das 13h20 e apenas o vereador Silvânio Barbosa (representante da Câmara Municipal de Maceió no Conselho) se encontrava no auditório. Ele disse que chegara às 13h e que mais ninguém havia chegado.

Em seguida, chegaram os conselheiros Luiz Antônio Jardim (CDL), Roberto Barreiros (SMTT) e Jorge Bezerra (SMTT). Por falta de quórum, às 13h45, Roberto Barreiros e Jorge Bezerra iniciaram e encerraram a reunião.

A Bicicletada não tem cadeira no Conselho. Reivindicamos uma vaga na primeira reunião, realizada em 28/05/2013, mas nos foi negada pelo fato do movimento não ter CNPJ. Mesmo assim, sempre consideramos as reuniões um espaço importante para discussão de temas relevantes que envolvem a Mobilidade Urbana em Maceió.

Ao final de cada reunião, depois da discussão de uma pauta vazia de conteúdo, pedíamos a palavra e tentávamos levantar a discussão de temas que considerávamos relevantes, como: a Tarifa Zero, as Jornadas de Junho, a licitação do transporte coletivo de Maceió, a ausência de infraestrutura destinada à bicicleta na cidade, o perigoso compartilhamento da Faixa Azul entre ônibus e bicicletas, dentre outros.
 
Contudo, a falta de interesse da SMTT em aprofundar essas discussões e dos demais conselheiros, que já se ausentavam da reunião antes mesmo de ser oficialmente encerrada, assim que iniciávamos as discussões, têm nos desmotivado a participar de tais reuniões, que representam uma verdadeira perda de tempo. Ao que parece, todos os problemas estruturais de Mobilidade Urbana em Maceió já foram resolvidos e não há nada mais importante a se discutir nessas reuniões do que um reajuste na tarifa do táxi ou a implantação de novos terminais de recarga dos cartões utilizados no transporte coletivo, por exemplo.
 
A ausência de quórum na reunião de hoje demonstra o descompromisso que os conselheiros (que têm obrigação de comparecer) têm com essas reuniões, diferente de nós, que só não comparecemos a duas das dez reuniões realizadas (mesmo sem termos qualquer obrigação de comparecer).

Para a reunião de hoje, estava marcada a apresentação da empresa que está implantando o rastreamento por GPS dos ônibus de Maceió. Pretendíamos indagar a SMTT sobre quatro assuntos que consideramos extremamente relevantes para a Mobilidade Urbana em Maceió:

1) Andamento da pesquisa origem-destino, apresentada na 9ª reunião;
2) Andamento do Plano de Mobilidade, que tem prazo até 03/01/2015 para ser concluído;
3) Andamento da licitação do transporte coletivo de Maceió;
4) Implantação de ciclofaixa na rua Dep. José Lages, conforme reunião que tivemos em 16/05/2014;

Também pretendíamos apresentar aos membros do Conselho os resultados do 4º Desafio Intermodal de Maceió. Chegamos a indagar o representante da SMTT sobre os quatro pontos listados acima:
 
1) Sobre a pesquisa origem-destino, disse estar sendo realizada pelo Governo do Estado e, portanto, não saberia informar;
2) Sobre o Plano de Mobilidade, disse não ser responsabilidade da SMTT, mas da Secretaria Municipal de Planejamento e, portanto, não saberia informar;
3) Sobre a licitação, disse estar aguardando a conclusão da pesquisa-origem destino;
4) Sobre a ciclofaixa na rua Deputado José Lages, disse estar aguardando orçamento para sua realização.

Diante da falta de seriedade por parte da SMTT e tamanho descompromisso dos conselheiros com as reuniões, Daniel Moura, participante da Bicicletada de Maceió, que vinha acompanhando e relatando o que era discutido nas reuniões, se negou a comparecer às próximas. Caso alguém se habilite a comparecer e relatar o que for debatido nas reuniões, o espaço do blog está aberto. Caso contrário, vamos poupar os leitores do blog de tanta mediocridade e, Daniel Moura, de tanta perda de tempo.
  
_________________________________________
  
Leia também:

- 1ª reunião do Conselho Municipal de Transportes - 28/05/2013

- 2ª reunião do Conselho Municipal de Transportes - 21/06/2013

- 3ª reunião do Conselho Municipal de Transportes -  30/07/2013

- 4ª reunião do Conselho Municipal de Transportes - 30/08/2013

- 5ª reunião do Conselho Municipal de Transportes - 26/09/2013

- 6ª reunião do Conselho Municipal de Transportes - 29/10/2013

- 7ª reunião do Conselho Municipal de Transportes - 29/11/2013
    
    

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

76ª Bicicletada de Maceió


A 76ª edição da Bicicletada de Maceió aconteceu em três momentos do dia. Às 6h30 da manhã, nos encontramos em cima da passarela do Cepa e afixamos faixas mostrando os prejuízos que o automóvel traz para a cidade e os benefícios que o transporte coletivo e a bicicleta podem trazer, quando são estimulados pelo poder público.


Enquanto expúnhamos as faixas, conversávamos com as pessoas que passavam por cima da passarela, principalmente aqueles que estavam com bicicleta, convidando-os a participar da Bicicletada. Permanecemos ali até as 8h da manhã e então retiramos as faixas.


Às 16h30, retornamos à passarela para afixar novamente as faixas, para que fossem vistas pelas pessoas que retornavam do trabalho, no sentido centro-periferia. Permanecemos ali até as 18h30, quando seguimos em direção ao viaduto Aprígio Vilela, tradicional ponto de encontro da Bicicletada, onde outra parte do grupo, que não pudera ir mais cedo à passarela, se concentrava.


Ficamos surpresos com a quantidade de pessoas que nos aguardavam no viaduto. Além das bicicletas, compareceram cinco participantes do grupo Maceió Patins Clube. De lá, seguimos um percurso de cerca de 10 km que foi traçado pela turma do Maceió Patins Clube.
      

Passamos novamente pela passarela do Cepa, para retirar as faixas que tínhamos afixado. Fizemos o restante do percurso, descendo a Av. Fernandes Lima e ladeira Geraldo Melo, passando pela Praia da Avenida, pelo calçadão do Centro, subindo a ladeira do Brito e retornando novamente ao viaduto Aprígio Vilela, ponto inicial e final de toda Bicicletada.


Tem sido bastante gratificante ver o engajamento das pessoas na Bicicletada, que cresce não apenas em quantidade, mas em qualidade, com cada um dando sua contribuição para o engrandecimento do movimento, que busca uma cidade melhor para todos. Uma cidade mais humana, menos motorizada, onde haja mais encontros e mais vida nos espaços públicos.


Moacir Pedrosa, veterano participante da Bicicletada de Maceió, expôs sua emoção em ver o crescimento do grupo neste breve comentário do vídeo abaixo:


Esperamos poder contar com mais e mais participantes nas próximas edições, para que possamos ter uma verdadeira Massa Crítica na cidade, capaz de poder cobrar do poder público uma cidade mais humana, menos para os carros e mais para as pessoas.


________________________________________
  
DIA MUNDIAL SEM CARRO DE 2014

Conforme comentamos na última postagem, a Prefeitura de Maceió decidiu antecipar a comemoração do Dia Mundial Sem Carro – DMSC da segunda-feira (22/09) para o domingo (21/09), passando a equivocada ideia da bicicleta apenas como um objeto de lazer, tentando ignorar sua importância e sua bastante utilizada função como meio de transporte.
      
  
O passeio organizado pela Prefeitura de Maceió, no domingo (21), segundo a própria Prefeitura, reuniu mais de mil pessoas. Até então, não tínhamos conhecimento do que a Prefeitura planejava para a segunda-feira (22).
  

Na segunda-feira, ficamos sabendo pelo grupo da Bicicletada no aplicativo de celular Whatsapp, por volta das 11h da manhã, que a Prefeitura realizava uma intervenção em comemoração ao DMSC, chamada de Vaga Viva e que, à noite, haveria uma palestra na Faculdade Maurício de Nassau. Em busca na internet, encontramos uma publicação no site da Prefeitura de Maceió, das 11h08 da manhã do sábado (20), que informava sobre a intervenção da segunda-feira.
  

Tomamos conhecimento do que foi realizado, em Aracaju, durante o DMSC. A Prefeitura de lá criou, com o auxílio de cones, uma ciclofaixa temporária para incentivar que os cidadãos utilizassem a bicicleta, no trecho de 1,6 km entre o Hospital de Urgências de Sergipe e a Av. Maranhão, como experiência. Seria interessante se Maceió tivesse seguido o exemplo de Aracaju e fizesse o contrário: em vez de um passeio ciclístico no domingo e uma Vaga Viva na segunda-feira (quando as pessoas estão trabalhando), uma Vaga Viva no domingo (com um local mais bem pensado, onde realmente trouxesse impacto para os automóveis) e uma ciclofaixa na Av. Fernandes Lima, na segunda-feira. Como o fluxo é mais intenso no sentido periferia-centro, no rush da manhã e, centro-periferia, no rush da noite, poder-se-ia utilizar uma das faixas do sentido oposto da avenida para implantar a experiência da ciclofaixa no DMSC.
    
Na tarde da segunda-feira (22), Daniel Moura, participante da Bicicletada de Maceió, foi convidado para participar do programa Gazeta Comunidade, na Rádio Gazeta AM, para falar sobre o Dia Mundial Sem Carro. Ouça aqui o podcast da entrevista.
 
________________________________________
   
  

Ironicamente, assim como aconteceu em 2012, quando o Governo do Estado inaugurou a duplicação da rodovia AL-101 Sul em pleno DMSC, foi publicada no site TNH1* a matéria da imagem acima, que mostra que a Prefeitura ainda acredita que a solução para a Mobilidade Urbana está no oferecimento de mais espaço para o automóvel, com a construção de novas avenidas.
       
* Segundo o jornalista Odilon Rios e os sites Cada Minuto e Extra, o atual prefeito de Maceió é acionista do Pajuçara Sistema de Comunicação, responsável pelo site TNH, que veiculou a matéria acima.
    
________________________________________

Veja também:

- Bicicletada de Natal/RN, hoje à noite.
     
- Revista Veja, de 24/09/2014, sobre as ciclovias/ciclofaixas de São Paulo (01 - 02)
  
- Maceió: Apenas 11 km de ciclovias em 4 anos
      
     

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

4º Desafio Intermodal de Maceió

  
Aconteceu, na manhã de hoje (18), a 4ª edição do Desafio Intermodal de Maceió - DIM. O evento consiste em percorrer um trajeto pré-definido (5,4 km), na hora do rush, utilizando diversos modais diferentes, para ser feita uma avaliação comparativa entre o tempo gasto por cada um, levando também em consideração a eficiência energética e a poluição emitida por cada modalidade de transporte.


Os participantes saíram da porta do Ibama, na Av. Fernandes Lima, às 7h30 e seguiram em direção à Praça dos Martírios, no bairro do Centro. Além das dez modalidades que participaram do DIM 2013, tivemos a inclusão do skate e da integração bicicleta+trem. No total, 21 voluntários participaram do desafio em 12 modalidades diferentes de transporte.


Assim como nas três últimas edições do DIM, a motocicleta foi a primeira colocada no quesito tempo, acompanhada da bicicleta que, utilizando a propulsão humana, chegou apenas 19 segundos depois do veículo motorizado de duas rodas. Se levarmos em consideração as despesas, a energia consumida e a poluição emitida, a bicicleta sagra-se campeã do desafio.


A grande surpresa do desafio foi o estreante skate, que ficou na terceira colocação, com um tempo de 17’47”, chegando antes mesmo do táxi, que fez o percurso em 18’06”. Por conta da Faixa Azul, ônibus e táxi tiveram um grande ganho de tempo em relação aos anos anteriores. O táxi teve uma redução de 43% do seu tempo e o ônibus de 34%, se compararmos com 2013, quando não havia Faixa Azul.


Mesmo com a Faixa Azul, quem não teve grande benefício foi a cadeirante, que teve uma redução de tempo de apenas 10% em relação a 2013 e foi a última a chegar à praça. Segundo a participante Maria Cícera da Rocha, nem todos os ônibus são adaptados com elevador para cadeira de rodas. E daqueles que são, quando ela deu sinal com a mão, os motoristas sinalizavam dizendo que o elevador estava com defeito ou que não estavam com a chave para operá-lo. Daí o motivo de ter levado quase o triplo do tempo da participante que seguiu em ônibus comum.

Já a participante que realizou a integração ônibus+trem, por pouco não perdeu o trem, por conta do tempo que ficou aguardando o ônibus no ponto da Av. Fernandes Lima. Para chegar à estação da CBTU em Bebedouro, a única linha de ônibus disponível é a Circular 2. Ela relatou que, assim que embarcou no trem, a porta se fechou. Ela só conseguiu pegar o trem das 8h08. Se perdesse esse, o próximo só passaria às 9h14. Foi a penúltima a chegar à praça, em 56’50”, ganhando apenas da cadeirante.


O mesmo problema não teve o participante que realizou a integração bicicleta+trem. Pedalando, chegou rapidamente à Estação Bebedouro. Foi recepcionado pela assessora de imprensa da CBTU e, enquanto esperava a chegada do trem das 7h48, ainda teve tempo de explicar aos passageiros que estavam na estação que o embarque da bicicleta se tratava apenas de uma experiência para a realização do Desafio Intermodal.


O trem fez o percurso de 4,3 km entre a Estação Bebedouro e a Estação Mercado relativamente rápido, gastando apenas 12 minutos, o que da uma velocidade média de 21,5 km/h, superior aos 13,6 km/h alcançados pelo ônibus que seguiu pela Fernandes Lima, se considerarmos o tempo que a participante permaneceu no ponto aguardando.


Como mostramos na edição de 2012 do DIM, quando a bicicleta foi impedida de acessar o trem, o vídeo promocional da CBTU que apresentava o projeto de modernização do trem de Maceió mostrava bicicletas penduradas no interior do vagão. Sugerimos, por e-mail, a inclusão da integração bicicleta+trem no DIM, que foi acatada pela empresa como experiência. Pela pouca frequência de horários (7h06 / 7h48 / 8h08 / 9h14) no rush da manhã, os trens seguem cheios, o que tornar-se-ia incômodo aos passageiros, caso a CBTU permitisse o acesso de bicicletas aos trens, ainda que do modelo dobrável, como a que foi utilizada pelo participante. Sugerimos à assessora de imprensa que a CBTU experimentasse instalar bicicletários nas estações, de modo que possa atrair passageiros de localidades mais distantes e/ou reduzir o tempo de deslocamento até a estação daqueles que já utilizam o trem atualmente.


Os participantes que fizeram o percurso a pé (caminhando e correndo), relataram que os principais problemas que encontraram foram os desníveis ou a inexistência de passeio público, além do desconhecimento dos motoristas ao artigo 38, parágrafo único, do Código de Trânsito Brasileiro – CTB, que determina que:

Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá:

Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.


A cada rua transversal à Av. Fernandes Lima que atravessavam, corriam o risco de serem atropelados por carros que entravam ou saíam das ruas transversais sem ceder passagem a eles, como manda a lei.

O carro teve um incremento de tempo de 32%, em relação a 2013. Porém, não podemos atribuir esse aumento à implantação da Faixa Azul, que diminuiu a quantidade de faixas para automóveis de três para duas, pois o tempo do carro em 2014 foi semelhante ao de 2012: cerca de 38 minutos.


De todas as modalidades, os patins e o skate deram um show à parte. Assim como as bicicletas, os participantes tiveram que dividir espaço com os ônibus, táxis e demais veículos na Faixa Azul. Segundo os participantes, os motoristas de ônibus foram bem cuidadosos, apesar de alguns passarem muito próximos. Apenas um motorista de táxi se irritou com a presença dos veículos de propulsão humana na Faixa Azul. Ficou buzinando insistentemente na curva antes de chegar à Praça Centenário, irritado porque um micro-ônibus aguardava um espaço seguro para ultrapassar os participantes. Um pouco adiante, ameaçou o skatista com o carro, tentando derrubá-lo.

Um outro problema relatado pelos participantes do skate e dos patins foi relativo às ondulações presentes no asfalto, que se formam próximo aos pontos de ônibus, por conta do atrito dos pneus no momento da frenagem. Vale a pena assistir aos vídeos feitos pelos participantes do skate, dos patins e da motocicleta, ao longo de todo o percurso.

Com a realização dessa 4ª edição do DIM, podemos concluir que a implantação da Faixa Azul, que começou a funcionar em fevereiro de 2014, com um custo relativamente baixo (R$ 391 mil, segundo a Prefeitura de Maceió), trouxe um ganho de tempo muito grande para usuários de ônibus e táxis, sem oferecer aumento do tempo dos automóveis, se compararmos com os anos anteriores. Iniciativas como a da Faixa Azul precisam se espalhar por toda a cidade pois, de nada adianta o ônibus passar rapidamente pela Av. Fernandes Lima e ficar preso em congestionamentos no restante da cidade.

Pedestres e cadeirantes precisam de calçadas niveladas e acessíveis, que tenham a mesma atenção do poder público que tem o leito carroçável, capeado e recapeado a cada nova gestão municipal que assume. Para isso, há que se intensificar a fiscalização dos proprietários de lote que não constroem o passeio público de maneira adequada ou, quem sabe, adotar uma medida mais enérgica: transferir a responsabilidade da construção e manutenção dos passeios públicos do ente privado para o poder público, suprimindo o artigo 339 do Código de Edificações e Urbanismo de Maceió.

Ainda para as pessoas com deficiência, mostra-se necessário aumentar o percentual da frota de ônibus adaptados com elevador para a cadeira de rodas, punir as empresas que não estão com o elevador em funcionamento ou, quem sabe, fazer como a cidade de Curitiba, em que o elevador para acesso da cadeira de rodas fica na própria plataforma de embarque. Quando o ônibus para, os passageiros já estão no mesmo nível do ônibus e com a passagem já paga, o que reduz o tempo de embarque.

Quanto ao trem da Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU, compreende-se sua pequena oferta (quatro trens no período de duas horas) em razão da baixa densidade populacional residente no entorno da linha. Contudo, o DIM mostrou que ainda há muito a avançar na sua integração ao serviço de transporte por ônibus da cidade, bem como à bicicleta.

O ótimo desempenho dos veículos de propulsão humana no DIM demonstra que, caso o poder público municipal investisse em infraestrutura adequada para a utilização desses veículos, correriam menos risco de morte aqueles que já os utilizam no dia a dia e encorajaria as milhares de pessoas que desejam ir trabalhar de bicicleta, patins ou skate e não o fazem por medo dos veículos motorizados.


O Desafio Intermodal é realizado, em Maceió, pelos participantes da Bicicletada e compõe as atividades da Semana da Mobilidade, que antecede o Dia Mundial Sem Carro - DMSC, comemorado no dia 22 de setembro. Ano passado, o DMSC caiu num domingo e a Prefeitura de Maceió realizou um passeio ciclístico saindo do posto da Polícia Rodoviária Federal, no entroncamento das rodovias BR-104 e BR-316, com destino à Praça Centenário, onde fora iniciado o evento Lazer na Praça. A atividade casou bem com um dia de domingo.
 
Clique aqui para ver o vídeo

Contudo, nesse ano, o DMSC caiu numa segunda-feira e a Prefeitura, curiosamente, o antecipou para o domingo e programou um passeio ciclístico semelhante ao de 2013. A Prefeitura perde (ou foge de) uma grande oportunidade de discutir, numa segunda-feira, a Mobilidade Urbana pautada exclusivamente no automóvel. Em vez de propor alternativas aos cidadãos para se deslocarem na segunda-feira, diferentes do automóvel, como o transporte coletivo ou a criação de uma ciclovia temporária (com a utilização de cones), numa das faixas da Av. Fernandes Lima, por exemplo, a Prefeitura de Maceió continua tratando a bicicleta como um brinquedo de domingo e ignorando aqueles que a utilizam como meio de transporte, bastante eficiente, por sinal, como têm demonstrado consecutivamente as quatro edições do DIM.

Atitudes como essa ou como o horizonte de 62 a 170 anos traçado pela Prefeitura de Maceió para alcançar os padrões de Berlim ou Amsterdã, nessa ordem, no que diz respeito à infraestrutura destinada à bicicleta, demonstram o descompromisso da atual gestão municipal com a Mobilidade Urbana Sustentável. Como mostramos na postagem sobre a reunião que discutiu o orçamento municipal para o ano de 2015, é através das atitudes dos gestores (e não do seu discurso) que avaliamos com o que se está comprometido.

Mais importante do que aquilo que a Prefeitura diz é aquilo que ela não diz. Como diria o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard, “Não tomar uma decisão já é uma decisão. Não fazer uma escolha já é uma escolha."

Enquanto isso, em São Paulo...

- Desafio Intermodal 2014 terá participação do prefeito de SP

- Prefeito de São Paulo e secretário de Transportes irão ao trabalho de bicicleta no DMSC
   
______________________________________________________
    


______________________________________________________

  
Veja também um resumo das edições anteriores:




  

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

75ª Bicicletada de Maceió

   
Aconteceu, na noite de hoje (29), a 75ª edição da Bicicletada de Maceió. Nós nos reunimos a partir das 18h em nosso tradicional ponto de encontro, em cima do viaduto Aprígio Vilela, no Farol. O candidato a deputado estadual, Bispo Filho (PSB), havia nos contatado previamente e pedido para conversar com os participantes da Bicicletada sobre uma de suas propostas de campanha, referente ao “Projeto de Lei do Planejamento Cicloviário”.

        
Bispo Filho (PSB) compareceu e apresentou sua proposta, além de discutir sobre a possibilidade de realização de uma palestra com Fabiano Faga Pacheco, cicloativista do estado de Santa Catarina. Ao final de sua fala, agradecemos sua presença e explicamos que a Bicicletada consiste de um movimento apartidário, no entanto, nossos membros têm liberdade de pensamento político, somos abertos ao diálogo com quaisquer partidos e organizações que queiram conhecer as ideias do movimento. Inclusive, já debatemos com membros do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em outro momento; já participamos de debate realizado pelo Partido dos Trabalhadores (PT); participamos de debate realizado pelo DCE/UFAL, onde dividimos mesa com integrantes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); todos a convite. Também ouvimos as propostas dos candidatos a prefeito de Maceió nas eleições de 2012, no que se refere à Mobilidade Urbana, e participamos, a convite da vereadora Heloísa Helena (PSOL), de reuniões realizadas no Ministério Público Estadual, para tratar da necessidade de implantação de infraestrutura cicloviária na cidade. Além disso, já participamos de discussões no Coletivo Anarquista Resistência Popular, que possui uma proposta semelhante à do movimento Bicicletada, no sentido de entender que as mudanças necessárias à nossa realidade não partirão do Poder Político, nos moldes atuais, mas da própria sociedade.
 
Explicamos que a maneira de atuar da Bicicletada não é através da política partidária. Nossa atuação política é através do diálogo com a sociedade, mostrando caminhos para alcançarmos outro modelo de cidade, mais humana, mais justa, menos poluída. Sabemos que o movimento é pequeno para cobrar algo do poder público e, por isso, buscamos o apoio da sociedade, para que esta, com a força que tem, cobre dos gestores públicos aquilo que a Bicicletada propõe.


Bispo Filho agradeceu o espaço e se despediu do grupo, dizendo que não buscara votos, mas o início do diálogo com o movimento. Agradecemos sua presença e saímos para um rolé pela cidade.

 

Assim como fizemos na 74ª edição da Bicicletada, seguimos pela Av. Fernandes Lima, agrupados, ocupando a Faixa Azul, conforme solução “provisória” adotada pela SMTT em novembro de 2013, enquanto não se implanta uma ciclovia na avenida.


Tivemos apenas um incidente com o motorista do carro 7291 da empresa São Francisco que, irritado ao ver as bicicletas ocupando a Faixa Azul e, provavelmente não tendo passado pelo treinamento realizado por André Pasqualini, passou pelo grupo com duas rodas do ônibus na Faixa Azul e duas rodas na faixa adjacente, bem próximo às bicicletas, descumprindo o art. 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e colocando em risco nossas vidas.


Aproveitamos as paradas nos semáforos para entregar panfletos e mostrar cartazes aos motoristas, com o intuito de alertá-los sobre a necessidade de preservar a integridade física daqueles que optam por utilizar a bicicleta em seus deslocamentos.


Fomos até a Av. Rotary e retornamos também pela Av. Fernandes Lima. Na volta, fomos ameaçados por alguns motoristas de táxi que, mesmo tendo a faixa do meio e a da esquerda para trafegar, insistiam em passar tirando fino do grupo, ocupando metade da Faixa Azul, acelerando violentamente seus carros, talvez com a intenção de demonstrar o poder de suas máquinas perante as bicicletas.


Seguimos até o centro comercial da cidade que, por não ter ocupação residencial, torna-se um deserto no período noturno. Fizemos algo impossível de se fazer no horário em que as lojas estão abertas: pedalamos pelo calçadão das ruas Moreira Lima e Do Comércio.
       
      
Passamos pela Praça D. Pedro II e rua Do Sol, subimos a ladeira Do Brito e retornamos ao ponto de encontro da Bicicletada, totalizando 10 km.


Antes do grupo que seguiria em direção à parte baixa da cidade partir, um suíço chamado Nikolas se aproximou de nós, entusiasmado ao ver as bicicletas, provavelmente por reconhecer algo que é tão comum em seu país. Enquanto ele provava o acarajé de Maceió, trocamos algumas palavras em português/inglês/alemão e demos algumas risadas para terminar bem a noite.

_______________________________________

   
Depoimento de uma das participantes sobre a Bicicletada de hoje:

"Gostaria de registrar minhas impressões sobre alguns acontecimentos simples, porém interessantes, ocorridos na noite de ontem, quando eu participava de mais uma edição da Bicicletada de Maceió.

Primeiramente, fiquei bastante feliz quando cheguei ao local de encontro e vi que havia mais participantes que o de costume, entre mulheres e homens, o que reforçou um sentimento de esperança. Em seguida, quando começamos a pedalar, fomos seguidos por um cachorro que, andando pela calçada ao nosso lado, latia pra qualquer um que se aproximava, como se quisesse nos proteger. Achei bonito porque os animais são sinceros e esse gostou mesmo da Massa.

O passeio transcorreu normalmente. Levamos fechada de ônibus, normalmente; algumas buzinadas e gritos sem motivo (a não ser o de conseguirmos existir fora de uma máquina), normalmente; também conversamos, rimos, mostramos cartazes, panfletos, demos legalzinho para motorista de ônibus simpático (coisa um tanto rara) e tudo o mais.

Ao retornar ao ponto de encontro, paramos para trocar ideias. Pouco depois, uma senhora (que, pela expressão de sua face, também poderia ser uma bruxa do mal) aborda uma colega, que estava com parte da roda traseira de sua bike em cima da faixa de pedestres, e pede para que ela se afaste para dar passagem, tudo bem. Mas, o que me impressionou é que a mesma senhora não se incomodou quando, logo em seguida, o motorista de seu carro (seu marido, talvez) o estacionou em cima da mesma faixa de pedestres e em frente à rampa de cadeirante.

Na sequência, o homem liga o alerta e sai do veículo, acompanhando a senhora na degustação de um acarajé, sentados em bancos de plástico de fronte para seu veículo de luxo. Ficamos observando de soslaio o casal e presenciamos a cena em que o homem chuta um gato que dele se aproximara e o enxota com o banquinho em que estava sentado. Depois disso, aproxima-se do grupo um rapaz suíço, que diz em outras palavras: 'Que legal suas bicicletas!'"


      

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Os skatistas estão crescendo na Orla de Maceió. Viva!


por Natália Souza - 20/08/2014

A Orla de Maceió é “a mais bonita do Brasil”, como bem enchemos a boca pra falar, mas tá virando a menos democrática.

O colega jornalista Ricardo Mota postou hoje em seu blog o texto “Os estúpidos dos skates estão crescendo no calçadão da orla de Maceió”, onde conta que viu um skatista aloprado em alta velocidade atropelando uma senhorinha que caminhava no mesmo local. Disse que isso vem acontecendo com frequência com idosos, jovens e crianças e comparou os skatistas a torcidas organizadas, hordas de bárbaros e brutamontes voadores.

Mota falou da falta de educação dos jovens de classe média que não contribuem por uma civilidade num local compartilhado. Ele deixa “claro” que “a crítica, está claro, não é aos praticantes do esporte, mas aos que se comportam dessa forma”.


Pois bem. Concordo que bom senso, educação e civilidade têm que existir em qualquer lugar. INCLUSIVE, deixo claro, que já vi exemplos de skatistas e gente de patins fazendo manobras agressivas entre as pessoas na Rua Fechada dia de domingo e não aprovo.

Mas, acredito que posts como o dele, que deveriam debater a AUSÊNCIA de espaço público destinado ao lazer e à prática de esportes dos jovens, crianças e adultos em Maceió, mas tiveram o efeito contrário, só incitaram a raiva da sociedade contra skatistas, longboarders (e qualquer um que ande numa prancha sobre 4 rodas), visto a maioria dos comentários no blog. Sério, tem comentários surreais mandando a prefeitura proibir de vez patins e skates na Orla e dizendo que os skatistas estão crescendo assustadoramente, como se isso fosse algo ruim, já pensou? (Alguns comentários se salvam com coerência por lá).

Outro dia, EU estava andando de longboard no calçadão da orla que estava LOTADA de jovens correndo, casais caminhando de mãos dadas, idosos que param pra conversar, turistas tirando foto, crianças etc. Como eu fiquei agoniada em ter que me desviar demais dos pedestres (e também notei a cara feia de uns), desci pra ciclovia e comecei a andar de long lá.

Nem deu 10 minutos e o primeiro ciclista que passou por mim me deu um grito desaforado dizendo que ali era uma CICLOVIA e que eu estava no lugar errado. Nos dois lugares eu não “era bem-vinda” e andar na pista no meio da rua eu não era doida de fazer.

E aí, qual o lugar do skatista e do patinador?

Os skatistas estão crescendo no calçadão da orla de Maceió, vamos debater o uso do espaço público?

Existe uma pista de skate e patins na Pajuçara, mas basta qualquer pessoa ir lá para ver as rachaduras e falta de condições do local. As praças (do skate) e outras nem se fala. Sem segurança, escuras, abandonadas e vulneráveis a assaltos. A outra pista voltada a skate e patins fica no Benedito Bentes, que particularmente, eu nunca fui e não sei em quais condições se encontram, mas tenho a direito de não querer ir tão longe para praticar uma atividade física que me dá prazer.

E mesmo que existissem locais perfeitos e isolados para essas categorias -projeto de revitalização da Praça do Skate tá aí sendo tocado, acredito que é um direito nosso de transitar na Orla. Vejo cidades como Aracaju, que tem um espaço grande na orla só para isso, e outras cidades que as pessoas compartilham o local, mas aqui, a sociedade (pelo menos o povo dos comentários do Ricardo Mota) pede que a SMCCU proíba skatistas e patinadores. Meio radical, não?

Falando novamente por mim, não me considero uma brutamontes, até pelo meu porte físico, nem uma integrante de torcida organizada de futebol que quero tomar a força o local, só quero poder usufruir do espaço a que tenho direito também. Como o skate é necessário uma certa velocidade para andar, e qualquer velocidade será alta em relação a um pedestre, acabamos passando essa sensação de estarmos “voando” em relação aos demais. Não é questão de agressividade.

Fiscalizar? Como? Estipular uma velocidade média? Baixar uma lei que agora os skatistas e patinadores DEVEM andar na ciclovia? (os ciclistas agora iam ter que aceitar isso). Enfim, a maioria dos comentários que li e pelo que entendi do post do colega (a quem vejo com frequência caminhando na orla), foi pedindo que o poder público interferisse de forma “repressora” aos skatistas, ainda não vi uma quantidade expressiva falando sobre esse debate da utilização do espaço público.

Pessoas, ainda mais jovens ociosos e sem espaço para a prática de esporte ou lazer, não podem resultar em nada positivo para o bem estar social, como diz a música do Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer comida diversão e arte”. Esse assunto merece muito ser debatido dessa forma, e o poder público sim, intervindo, mas apresentando solução para essa melhor convivência e não expulsando categoria x ou y do local, como sugerem os internautas.

Estúpidos estão aumentando em todo lugar com qualquer que seja o tipo de veículo utilizado. Lembrando que muitos pedestres e corredores amadores ou profissionais, vivem usando a ciclovia para correr, vejo isso também quando estou a pé, fazendo “cooper” por lá.

Por lei, os veículos de maior porte são sempre responsáveis pelos menores. Reforço que tem que haver responsabilidade no uso do espaço público, mas precisamos perder essa mania de achar que para garantir um direito nosso o do outro coleguinha tem que ser anulado.
Alguns dos comentários raivosos dos internautas no Blog do RM. Interessante a associação dos skatistas com drogados. Lamentável!

Alguns dos comentários raivosos dos internautas no Blog do RM. Interessante a associação dos skatistas com drogados. Lamentável!


Essa é a minha impressão. Impressão de alguém que anda de long/skate, que corre frequentemente e que anda de bike periodicamente. Qual a sua?


_______________________________________

Nota do blog

Todo esse debate é importante para mostrar que, mesmo na maior área de lazer da cidade, os carros dominam quase todo o espaço disponível, enquanto pedestres e usuários de veículos não motorizados precisam se espremer numa estreita faixa destinada a eles, algo que se torna impraticável principalmente no Verão, quando a cidade que se enche de turistas. Que tal diminuir o espaço dos carros e aumentar o das pessoas?